Nordeste tem a menor taxa de mortalidade por Covid-19 do país

Trabalho do comitê científico do Consórcio Nordeste, coordenado pelo neurocientista Miguel Nicolelis, foi fundamental para mortalidade 37% menor do que a média nacional

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O Nordeste é a região com a taxa de mortalidade por Covid-19 mais baixa do país. Enquanto a média nacional indica uma taxa de 78 mortes a cada 100 mil habitantes em 2021, o Nordeste registra 49 óbitos, 37% a menos do que a média do país. No Sul, o índice é de 109 para cada 100 mil habitantes. Os números são resultado direto do trabalho desenvolvido pelo comitê científico do Consórcio Nordeste, que foi coordenado pelo neurocientista Miguel Nicolelis.

Defensor de medidas rígidas como o lockdown, que estabelece a suspensão de todas as atividades não essenciais, Nicolelis e outros cientistas fizeram uma série de recomendações aos governadores do Consórcio, incluindo campanhas regionais informando a população sobre medidas de proteção contra a Covid-19.

“A mensagem passada da gravidade da pandemia foi bem maior, os governos alertaram mais, o que não ocorreu de forma tão explícita em nível nacional”, afirmou Nicolelis ao UOL. “Sem dúvida foi a região menos negacionista do país”, reiterou o cientista.

Não por acaso, é do Nordeste a primeira cidade a decretar lockdown durante a pandemia. São Luís decidiu ficar a capital maranhense em abril de 2020. “Tivemos lockdowns bem sucedidos, começando por São Luís, depois Fortaleza, a Grande Recife e João Pessoa. Os resultados foram bons. Em São Luís, por exemplo, os efeitos positivos foram sentidos por quatro meses e levaram o Maranhão a ter menor taxa de óbito do país”, apontou Nicolelis.

“O Nordeste hoje é quem puxa hoje a mortalidade do Brasil para baixo”, constatou o vice-presidente do Nordeste do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), André Longo, em depoimento ao UOL.

Segundo o Ministério da Saúde, os óbitos totais na região representam 21% das mortes no Brasil. Desde o início da pandemia, morreram 76 mil pessoas de um total de 365 mil vítimas fatais.

“A gente não comemora esses números”, observa Longo. “Mas precisamos reconhecer o esforço dos profissionais de saúde e dos governadores, que tiveram coragem de adotar medidas restritivas –que nem sempre têm uma repercussão positiva na população, mas precisavam ser adotadas”, apontou o secretário de Saúde de Pernambuco. “Além disso, ampliamos muito a capacidade hospitalar. Só aqui foram 540 leitos de UTI em 40 dias”.

Medidas rígidas

Fortaleza e Salvador, cidades que adotaram medidas rígidas para evitar a circulação de pessoas e, consequentemente, a proliferação do vírus, são citadas como referência pela Fiocruz no combate à pandemia, ao lado de Araraquara (SP).

“Tendo como referência os decretos nacionais que estabelecem as atividades e serviços essenciais, bem como decretos municipais mais recentes de Fortaleza, Salvador e Araraquara (SP), cidades que se submeteram a restrições mais rígidas e que apresentaram decréscimo sustentado dos indicadores de criticidade da pandemia, apresentamos no alguns exemplos de atividades e serviços essenciais e não essenciais”, apontou a Fiocruz, em nota técnica.

Lancet

A prestigiada revista científica Lancet também destacou os resultados do Nordeste, apesar do alto índice de pobreza na região e infraestrutura de saúde precária.

“Essa menor mortalidade deve estar relacionada à postura adotada pelos governos, que desde muito cedo criaram um comitê científico com pessoas de grande experiência no controle de epidemias. Houve, sem dúvida, uma maior busca de seguir a OMS (Organização Mundial da Saúde) para mitigar essa epidemia, com campanhas educativas”, observou  a pesquisadora da Fiocruz da Bahia Fernanda Grassi.

Da Redação, com informações de UOL

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