Nossa luta é difícil, mas ficaremos até CPI sair, diz estudante de ocupação
No segundo dia de ocupação da Alesp, estudantes tiveram suprimentos cortados, mas seguem resistindo. Eles pedem apuração dos responsáveis pela Máfia da Merenda no governo do PSDB
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O plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) está ocupado por estudantes. Nesta quarta-feira (04), foi permitida a entrada somente de deputados estaduais e de alguns funcionários. Diversas passagens da Casa estão com acesso bloqueado por biombos de madeira e há policiais em todos os corredores. Há também um cordão de policiais em cada entrada.
“Minha mãe vai querer me matar, mas deve estar orgulhosa de mim”, comentou a estudante S.C., 16 anos, enquanto comia, perto da ocupação. Ela é aluna de uma escola estadual de Sorocaba e diz que a maior razão para estar ali é lutar contra um governo corrupto. “Pela emoção de conseguir conquistar alguma coisa pelo nosso país, pelo nosso futuro, porque a gente ainda vai ser mães e pais de família, com filhos dentro destas escolas, que podem ser diferentes”, contou à Agência PT de Notícias.
Para H.B, 16, aluno de uma escola estadual de Praia Grande, este é o momento de lutar para melhorar a situação. “Este é um ato histórico, é a primeira vez que os secundaristas ocuparam a Alesp e vão conseguir vitória. Estamos contentes com isto”. Ele cita que muitas ETECs não têm alimentação e algumas sequer têm refeitório. “Nossa luta é difícil, demora, mas ficaremos aqui até quando for necessário, até esta CPI sair”.
Os dois participaram das manifestações contra reorganização em 2015. As merendas em suas escolas costumam variar entre bolacha de água e sal e um “bolo mal feito”. Às vezes, acompanha um suco “que ninguém consegue tomar”. Para o noturno, às vezes, não tem comida, contou S.C.
Enquanto comia, outro secundarista falava ao celular com a mãe para despreocupá-la: “mãe, uma pessoa qui faz muita diferença. Estamos aqui com os deputados, pode ficar tranquila. O pessoal trouxe comida, bolacha, escova de dente”.
Por volta das 14h, policiais informaram que, a partir daquele momento e por ordem do presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), somente “jornalistas da grande imprensa” poderiam entrar, mas os jornalistas não tiveram acesso ao plenário. Comida e itens de higiene pessoal são entregues por deputados ou funcionários dos gabinetes. Os estudantes ficaram pelo menos cinco horas sem água e comida.
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Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias