“Ódio e nojo à ditadura”: PT e OAB rechaçam celebração do Golpe de 64

Líderes condenam nota da Defesa exaltando golpe militar: “Nascido da luta democrática, PT repudia ato vergonhoso”, reage Gleisi Hoffmann. Nesta quinta, TV Cultura exibe filme “Libelu – Abaixo a Ditadura”

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Nunca mais: os 58 anos de um golpe que sufocou a democracia, torturou e matou brasileiros

No aniversário de 58 anos do início de um período de 21 anos de trevas para a democracia brasileira, lideranças do Partido dos Trabalhadores e da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), reagiram a uma nota assinada pelo ministro da Defesa Braga Netto exaltando o golpe militar de 1964. O documento foi divulgado na noite de quarta-feira (30), véspera da data que inaugurou a ruptura democrática imposta pelos militares. A nota distorce os atos de um regime que sufocou direitos civis, matou e torturou brasileiros e instalou uma ditadura e, ao invés de reconhecer as atrocidades cometidas pelo regime, aponta para um inexistente legado de “paz e democracia”.

“O governo Bolsonaro volta a exaltar golpe de 64 falando em marco histórico da evolução. Ignora regime marcado por violência, prisão política, torturas e mortes”, denunciou a presidenta Nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR). “Lamentável que FFAA cumpram papel tão imoral. Nascido da luta democrática, PT repudia ato vergonhoso”, reiterou.

O líder do partido no Senado, Paulo Rocha (PA), também repudiou a nota antidemocrática de Braga Netto. “Qualquer tipo de louvor a um regime que matou, torturou, sequestrou e acabou com a dignidade de tantos seres humanos, é inaceitável!”, exclamou Rocha, pelo Twitter. “A ditadura precisa ser lembrada com uma única intenção: o de nunca mais voltar a acontecer. A democracia é o bem mais valioso que temos”, desabafou.

O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), citou o histórico discurso de Ulysses Guimarães ao promulgar a Constituição de 1988. “Ódio e nojo da ditadura”, escreveu Lopes. “Há 58 anos iniciava-se um período sombrio, uma página infeliz da nossa história, que nos faz lutar todos os dias para que seja definitivamente uma página virada. Não há caminho fora da democracia. Que saibamos sempre preservá-la”, advertiu o parlamentar.

A Ordem dos Advogados do Brasil se manifestou em nota, reforçando a luta histórica da classe em favor da retomada do habeas corpus, da anistia e da redemocratização. “A OAB reafirma, neste 31 de março, seu compromisso com o Estado de Direito, com os direitos e garantias individuais, com o modelo federativo, com o voto periódico, secreto e universal, com a separação entre os Poderes e com a defesa do sistema eleitoral vigente”, destaca a entidade.

“Traidor da Constituição é traidor da Pátria”

O senador Humberto Costa (PE) também recorreu à retumbante fala de Guimarães, que condenou sem dó aqueles que rasgaram a Constituição para se tornar “traidores da Pátria”. “A ditadura deixou um rastro de sangue e silêncio no Brasil”, lembrou Costa.

“E é com tristeza que relembramos esse cruel momento da nossa história para que ele nunca mais se repita! Traidor da Constituição é traidor da pátria”, concluiu o senador. A frase de Guimarães tornou-se inclusive uma das mais comentadas no Twitter na manhã desta quinta-feira (31).

TV Cultura exibe documentário

Para marcar a trágica data da história nacional, a TV Cultura exibe, na noite desta quinta-feira, o documentário “Libelu – Abaixo a Ditadura”, lançado em 2020). O filme, que foi vencedor do 25º Festival É Tudo Verdade, foi dirigido e escrito por Diógenes Muniz e teve produção e distribuição da Boulevard Filmes.

Inédito na TV aberta, a produção vai ao ar a partir das 23h.

Da Redação

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