Raposa no galinheiro, presidente da Petrobras faz lobby “nas sombras” 

Conhecido por fazer lobby para petroleiras, Adriano Pires se recusa a divulgar lista de clientes de sua empresa de consultoria

Site do PT

Tudo que ele quer é vender a Petrobras

Ao trocar o comando da Petrobras, na terça-feira (29), Jair Bolsonaro deu uma aula prática do que significa colocar a raposa para tomar conta do galinheiro. Adriano Pires, o novo presidente da estatal, fundou e dirige uma empresa de consultoria conhecida por atender grandes empresas de petróleo de outros países. Porém, não gosta de deixar claro quem são, exatamente, seus clientes.

Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (30), no site UOL, a empresa de Pires é o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), que se mostra muito preocupada com a discrição. A lista dos seus clientes não é informada em nenhum endereço público e, ao serem indagados sobre isso, o CBIE e Pires se recusaram a dar qualquer informação, usando como pretexto o fato de Pires estar “em período de silêncio”.

A preocupação em agir nas sombras é tanta que, em 2019, quando Michel Temer indicou Pires para um assento no CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, o novo presidente da Petrobras preferiu renunciar ao cargo do que se explicar ao Ministério Público de Contas junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), que via possíveis conflitos de interesse na indicação. 

É possível, porém, ter uma boa ideia de quem são os clientes que Pires prefere não revelar. No site do CBIE, há uma área com o logo de várias empresas que “confiam” na consultora. Entre as companhias ali listadas, estão as petroleiras norte-americanas Chevron e Exxon Mobil e a britânica Shell. Não à toa, o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ) o definiu, na terça-feira, como “um lobista de petroleira, representante de petroleiras estrangeiras”. 

Nova etapa do golpe

O histórico de Adriano Pires não permite outra conclusão a não ser a de que, finalmente, os interesses estrangeiros tem, no comando da Petrobras, alguém que sempre trabalhou para eles. Apossar-se do petróleo nacional, e transformar o Brasil em exportador de óleo e importador de gasolina, sempre foi um dos principais objetivos do golpe contra Dilma Rousseff, que foi colocado em marcha a partir de 2013.

Naquela época, havia a expectativa de que a farsa da Lava Jato levasse a uma derrota ao PT nas urnas, cabendo a Aécio Neves fazer o serviço sujo. Nas eleições de 2014, o tucano anunciou que, se eleito, Adriano Pires seria o presidente da Petrobras. Dilma, no entanto, venceu as eleições e só restou aos vendilhões do país partir para o golpe.

No poder, Temer deu início ao desmonte da Petrobras, adotando o preço de paridade de importação (PPI), ou a dolarização dos combustíveis, passo essencial para que empresas estrangeiras lucrassem ao vender gasolina no Brasil, como vem acontecendo hoje, às custas do bolso dos brasileiros. Jair Bolsonaro obedeceu o plano e manteve a política de cobrar caro da população enquanto fatia e entrega a Petrobras para os estrangeiros.

Adriano Pires sempre fez o papel daqueles especialistas que ganham muito dinheiro para enganar a população e convencê-la a abrir mão do patrimônio público do país. Em outubro de 2021, por exemplo, publicou artigo em que jurava (de pés juntos e o bolso cheio): “Solução final para preços dos combustíveis é privatizar a Petrobras”. Agora, no comando da Petrobras, poderá executar o serviço sujo como nunca. Talvez, adote medidas eleitoreiras que abaixem o preço dos combustíveis na tentativa de manter Jair Bolsonaro no poder. Mas seu objetivo final, que ninguém se engane, é sabotar o desenvolvimento e a soberania do país.

Da Redação

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