Paulo Cayres: Fortalecer os setoriais

O Partido dos Trabalhadores nasceu com forte enraizamento no movimento sindical e nos movimentos sociais.

Esse vínculo com os trabalhadores e os lutadores sociais diversos – que vêem no partido um dos mais importantes instrumentos de disputa política e de organização de suas demandas na construção de um Brasil justo e inclusivo – foi fundamental para que o PT, desde a sua fundação, se constituísse como um partido de luta, de massas e organizado a partir da base.

O partido cresceu, elegeu vereadores, prefeitos, governadores, deputados estaduais, federais, senadores e, finalmente, um presidente da República: LULA, o operário que valorizou a soberania nacional, que produziu o maior programa de inclusão social, a geração de empregos e o crescimento econômico com distribuição de renda jamais vistos no Brasil e que se tornou modelo admirado e estudado no mundo.

Lula se reelegeu e elegeu a sua sucessora, Dilma Rousseff, que também se reelegeu, para desespero das oligarquias nacionais que nunca aceitaram a ideia de um partido de esquerda, popular e forte, com grandes lideranças nacionais com projeção internacional.

Para interromper essa trajetória, tramaram e executaram com sucesso o golpe jurídico/midiático/parlamentar.

A militância foi às ruas em grandes manifestações em defesa da democracia, fazendo o enfrentamento com a onda conservadora, muitas vezes fascista, que tomou conta do país. É preciso reconhecer, porém, que essa reação contra o golpe começou tímida e levou um tempo precioso para atingir grandes proporções. Vale registrar também que setores democráticos fora do PT e dos partidos que se posicionaram contra o golpe acabaram engrossando essas manifestações.
É preciso reconhecer que parte dessa apatia se deve ao fato de que o sucesso eleitoral do partido gerou a sensação de que o enraizamento original nas bases sociais foi substituído por um partido de parlamentares e executivos eleitos, com o afastamento de suas origens.

Apesar do golpe e do resultado ruim das últimas eleições municipais, o PT continua sendo uma importante referência na esquerda brasileira e mundial. Aqueles que sonhavam conquistar os votos dados ao partido não tiveram sucesso. Em que pese as derrotas sofridas, a análise do resultado eleitoral aponta que 20% da população votou em candidatos do PT, demonstrando que existe uma base sólida que acredita no partido.

O PT tem um legado de políticas bem-sucedidas que mudaram para melhor a vida das pessoas, principalmente dos mais pobres e da classe média brasileira. Esse patrimônio é a base da reconstrução partidária e da disputa por um projeto de nação justa, desenvolvida, soberana e para todos.

Recriar os espaços de participação popular na vida partidária é o grande desafio que se apresenta.

Fortalecer os setoriais do partido, valorizando a participação da militância social em suas bases de atuação, para que eles não sejam apenas um espaço regular de reunião dessa militância, mas um espaço efetivo de construção de políticas que aproveitem o conhecimento de cada participante, em que as propostas apresentadas tenham repercussão na vida do partido, e também no espaço em que atuam seus parlamentares e executivos eleitos.

Defendemos que os setoriais sejam capazes de aglutinar os militantes que atuam em diferentes espaços, de forma a potencializar a sua ação no dia a dia. Esse é um dos desafios que se apresentam nessa jornada de reengajamento e recuperação do papel histórico do partido.

Para tanto, nossas propostas são:

• Valorização dos setoriais como espaços partidários, com efetivo incentivo para o seu funcionamento;
• Que os setoriais sejam replicados não só nas estaduais do partido, mas em todos os municípios em que o PT tem organização, não apenas nos maiores;
• Criar condições que incentivem a militância social a se engajar nos diversos setoriais, desde os nacionais até os municipais;
• Disponibilizar programas de formação para os militantes que atuam nos setoriais em todos os níveis;
• Garantir a participação dos secretários em cada nível de atuação – nacional, estadual ou municipal – nas reuniões das respectivas direções, com direito a voz e voto nos temas relativos às propostas dos setoriais;
• Promover e incentivar ações conjuntas entre os diversos setoriais.

Segue abaixo a resolução atual sobre os setoriais:

Os setoriais são instâncias partidárias que organizam os(as) filiados(as) junto aos diferentes movimentos sociais, com três finalidades básicas: motivar a organização partidária dos(as) filiados(as) petistas conforme os movimentos sociais onde atuam; participar da elaboração de políticas públicas no âmbito partidário, como forma de subsidiar programaticamente a ação institucional do partido; subsidiar, em cada setor, a representação institucional do PT nas suas relações com os movimentos sociais, com as bancadas parlamentares e com os governos onde há quadros do partido.

O filiado e a filiada podem optar por participar de qualquer um dos setoriais, conforme seu interesse de militância. São Secretarias Setoriais Nacionais: Agrária, Combate ao Racismo, Cultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento, Mulheres, Sindical.

E tem ainda os Setoriais Nacionais vinculados à Secretaria Nacional de Movimentos Populares: Assuntos Indígenas, Ciência e Tecnologia, Comunitário, Direitos Humanos, Economia Solidária, Educação, Esporte e Lazer, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), Moradia e Reforma Urbana, Pessoas com Deficiência, Saúde, Segurança Alimentar, Segurança Pública, Transportes.

Paulo Cayres, metalúrgico do ABC e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), para a a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores