Paulo Teixeira: Brasil sai do Mapa da Fome com força da agricultura familiar

Em entrevista à Voz do Brasil, ministro do Desenvolvimento Agrário afirma que políticas públicas estruturantes foram decisivas para tirar 33 milhões de brasileiros da fome

Valter Campanato/Agênia Brasil

“Nosso próximo passo é transformar as atuais políticas em algo permanente", afirma o ministro

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, afirmou nesta segunda-feira (4), em entrevista à Voz do Brasil, que a saída do Brasil do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) é fruto direto do fortalecimento da agricultura familiar e da retomada das políticas públicas desmontadas entre 2016 e 2022, nos governos de Temer e Bolsonaro.

O marco histórico foi atingido quando o país passou a registrar menos de 2,5% da população em situação de subnutrição. “A gente saiu pela segunda vez do Mapa da Fome. A primeira vez foi em 2014, por obra dos governos do presidente Lula e da presidenta Dilma. Voltamos em 2023 com 33 milhões de brasileiros nessa condição, e agora conseguimos novamente sair, com muito mais rapidez, porque aprendemos com o passado”, avaliou.

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Política de Estado

Para Teixeira, o desafio agora é consolidar o combate à fome como uma política permanente. “Tem que deixar de ser uma política de governo, porque essa é uma obsessão do presidente Lula, e passar a ser uma política de Estado, para que nenhum outro governo retroaja no objetivo de alimentar o seu povo”, defendeu.

O ministro ressaltou que o Brasil superou um momento crítico e voltou a exercer protagonismo internacional. “É uma ótima notícia, não só para o nosso país, mas também para o mundo. O Brasil lidera uma aliança global contra a fome e a pobreza.”

Paulo Teixeira destacou ainda que o resultado foi possível graças a um conjunto de ações coordenadas como recuperação do Bolsa Família, valorização do salário mínimo, aumento da geração de empregos, controle da inflação e, sobretudo, fortalecimento da agricultura familiar.

“A política econômica gerou crescimento e renda. Só nos dois primeiros anos do governo Lula, foram criados mais de 3 milhões de empregos. Isso, junto com o Bolsa Família reformulado e o aumento real do salário mínimo, garantiu mais comida na mesa do povo”, afirmou.

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Agricultura familiar 

Segundo o ministro, a agricultura familiar teve papel central ao garantir o abastecimento interno com alimentos de qualidade e preço acessível. Ele lembrou que o Plano Safra da agricultura familiar destinou R$ 89 bilhões ao setor, com juros subsidiados de 3% ao ano, e até 2% para produção agroecológica.

“Com a Selic em 15%, esse é um juro negativo. É um financiamento acessível para quem planta arroz, feijão, comida que vai direto para o prato do brasileiro, e não para exportação”, destacou Teixeira. “Esse programa fez com que o preço do arroz, por exemplo, caísse de R$ 36 para algo entre R$ 15 e R$ 20 o pacote de cinco quilos.”

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O ministro também falou sobre o reforço nos programas de compras públicas, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que recebeu R$ 1,5 bilhão adicionais, e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com R$ 2,5 bilhões aplicados pela pasta.

“Esses programas compram alimentos frescos da agricultura familiar e distribuem para escolas, comunidades com insegurança alimentar e instituições de assistência. Isso gera renda para quem produz e garante comida de qualidade para quem precisa”, explicou.

Além disso, o governo Lula ampliou a exigência para que Forças Armadas, universidades, hospitais e demais órgãos públicos comprem ao menos 30% dos alimentos da agricultura familiar.

Renda no campo

Outro instrumento destacado por Paulo Teixeira foi o microcrédito rural. O Pronaf-B, operado pelo Banco do Nordeste, oferece crédito de até R$ 35 mil com juros de 0,5% ao ano e desconto de 40% para quem paga em dia.

“O efeito foi imediato, com aumento da renda no campo, acima da média nacional, principalmente no Nordeste. Agora estamos expandindo o programa para o Norte, Centro-Oeste e todo o país”, disse Teixeira.

Ele destacou ainda a expansão das cozinhas comunitárias como mais uma frente do governo Lula no combate à fome. “Elas se espraiaram pelo Brasil. São fundamentais para atender a população mais vulnerável com alimentação nutritiva e acessível.”

Durante a entrevista, o ministro reforçou que, embora o Brasil tenha saído do Mapa da Fome, ainda há milhões de pessoas com insegurança alimentar leve, que estão empregadas, mas não se alimentam bem.

“Nosso próximo passo é atender esse público e transformar as atuais políticas em algo permanente. Não podemos permitir que um próximo governo desmonte novamente tudo o que foi reconstruído. O direito à alimentação precisa ser garantido, independentemente de quem esteja no poder”, concluiu.

Da Redação, com informações da Agência Gov

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