Petroleiros de MG chegam ao 4º dia de greve e denunciam jornadas de 72h
Sindicato acusa gerência de reter trabalhadores compulsoriamente por mais de 72 horas, gerando riscos de acidentes
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O Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG) realizou, na manhã desta segunda-feira (3), um ato público às portas da Refinaria Gabriel Passos (Regap), na cidade de Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). A ação marca o quarto dia de greve nacional na Petrobras e contou com a participação de funcionários, movimentos populares e mandatos parlamentares.
De acordo com o sindicato, desde a sexta-feira (31), a empresa retém compulsoriamente mais de 30 trabalhadores nas dependências da Regap, impedindo-os de encerrar a jornada. Alguns deles, segundo o sindicato, chegaram a procurar médicos reclamando cansaço, mas não foram liberados. O Ministério Público do Trabalho foi acionado e, segundo o Sindipetro, uma procuradora compareceu à Regap, juntamente com a Polícia Federal, na madrugada desta segunda-feira, mas não houve liberação dos funcionários.
O técnico de operações do sistema elétrico Sérgio Marlon pegou serviço às 15h30 de sexta-feira. Na segunda de manhã, ele e outros quatro trabalhadores saíram da refinaria e aderiram à greve. “A orientação foi a gente ficar direto. Nos colocaram numa condição até confortável, mas não deixa de ser uma forma de nos prender, de tirar a liberdade de dormir em casa ou participar deste movimento, que é o que interessa agora”, comenta Sérgio, que foi recebido com aplausos pelos demais trabalhadores.
O técnico conta que não houve ameaças formais por parte da gerência da empresa, mas qualquer saída sem autorização poderia gerar retaliações. Isso porque, no sistema de trabalho noturno, o funcionário só pode sair do serviço após ser “rendido”, ou seja, após passar a tarefa a um substituto e assinar um documento. Ao sair sem cumprir esse procedimento, o trabalhador estaria sujeito a demissão por abandono do posto de trabalho.
Anselmo Braga, do Sindipetro-MG, alerta para os riscos de acidentes que a retenção desses trabalhadores gera. “Ainda há trabalhadores lá dentro, trabalhando acima de 70 horas. Há um risco para a comunidade, mas acreditamos que querem um acidente aqui dentro para justificar a privatização da Petrobras. Essa é uma estratégia da empresa”, denuncia.
Início da greve e adesão
De acordo com o petroleiro Anselmo Braga, coordenador-geral do Sindipetro, a greve foi deflagrada no último dia 31 de janeiro, depois que a diretoria da estatal anunciou, por meio da mídia, o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR) no Paraná, pertencente ao sistema Petrobras, bem como a demissão sumária de mil trabalhadores.
“A empresa frauda o balanço da unidade para forjar um prejuízo para vender a fábrica barato e demitir funcionários. Se estão fazendo hoje com eles, vão fazer com a gente também. Então, essa greve diz respeito ao nosso acordo coletivo, ela é em defesa de nossos empregos”, defende.
Dados da Federação Única dos Petroleiros (FUP) apontam que a greve já atingiu 12 unidades de refino e quatro terminais da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobrás. Na Bacia de Campos, 12 plataformas aderiram à mobilização. Outras unidades ainda podem compor o movimento.
Por Brasil de Fato