PF investiga quadrilha envolvida em fraude de próteses

Deputado federal e médico Jorge Solla manifesta indignação pela falta de honra à missão médica

A Operação Desiderato, deflagrada na última segunda-feira (2), pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público (MP), foi de grande contribuição para reforçar as investigações parlamentares da CPI da Máfia das Órteses e Próteses do Brasil, segundo o membro da comissão, o deputado Jorge Solla (PT-BA). De acordo com ele, quanto mais se investiga, mais se descobre sobre os tentáculos de um cartel médico.

“A CPI está tendo um trabalho muito produtivo e a ação deve contribuir com mais informações para esclarecermos as infrações cometidas por uma série de atores, como fabricantes, representantes comerciais, fiscais, hospitais”, destaca Solla.
A operação ocorreu nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, quando foram cumpridos 72 mandados, sendo oito de prisão temporária, sete de condução coercitiva, 36 de sequestro de bens e 21 de busca e apreensão.

No caso da Operação Desiderato, as fraudes em questão estão relacionadas à indução de cirurgias desnecessárias para vender próteses cardíacas, em que os envolvidos recebiam entre R$ 500 a R$ 1 mil, por prótese.

A operação Desiderato é um desdobramento de uma força tarefa da Polícia Federal (PF), do Ministério da Justiça (MJ), do Ministério Público (MP) da Receita Federal (RF) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), formada como consequência de uma reportagem de 4 de janeiro, do Fantástico.

A reportagem revelou um esquema fraudulento de venda de próteses cirúrgicas em que empresas pagavam até 30% de comissão aos médicos que preferissem seus produtos. Segundo a reportagem, alguns médicos chegaram a faturar até R$ 100 mil por mês.

Segundo o deputado, estão sendo investigados documentos contábeis e promovidas diversas audiências para ouvir as pessoas diretamente citadas e dirigentes de órgãos apontados na reportagem. Solla explicou que o papel da CPI é produzir medidas para regular o comércio e processos administrativos para impedir a formação desse tipo de cartel.

“Temos o papel de denunciar e encaminhar propostas legislativas para cortar esse mercado de pagamento extra-oficial de, por exemplo, dezoito mil em uma cirurgia de dois mil reais”, revela o deputado.

O médico Jorge Solla revela profunda indignação com o desvirtuamento da missão médica, com a prática de procedimento cirúrgico em alguém para vender um instrumento que não será utilizado na pessoa.

“São práticas que devem ser banidas da sociedade”, assevera Solla.

Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias

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