Pimenta: Milícias digitais de Bolsonaro forjam vídeo contra cacique Raoni
Em mais uma fake news, apoiadores do governo produzem falsa reportagem que acusa o líder indígena, atacado por Jair na ONU, de contrabandear ouro para França
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O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), denunciou no Twitter um vídeo forjado para atacar o cacique Raoni com uma denúncia falsa que o acusa de contrabandear ouro para a França junto com ONGs. O vídeo foi publicado no Youtube na quarta-feira (25), um dia após o discurso de Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, na qual o chefe de Estado brasileiro criticou duas vezes o líder kayapó que vai completar 90 anos em 2020.
“Olhem do que são capazes as milícias digitais de Jair Bolsonaro e sua família: criaram uma fake news sórdida contra o cacique Raoni na qual o acusam de contrabandear ouro junto com ONGs. A denúncia é falsa, o vídeo é sensacionalista”, alertou Pimenta.
Em menos de dois dias, o vídeo alcançou mais de 460 mil visualizações no canal “BomNotícias TV”, que tem 266 mil inscritos e se faz passar por um veículo jornalístico. “Esse material está circulando no submundo das redes de Whatsapp e Facebook da extrema-direita. Recebi o vídeo por uma pessoa do interior do Maranhão, o que mostra a capilaridade das milícias digitais de Bolsonaro e seus apoiadores”, explicou o parlamentar.
Nobel da Paz
Raoni esteve na Câmara também na quarta-feira e foi recebido por dezenas de parlamentares, militantes e apoiadores da luta ambiental. O ato de desagravo aos ataques de Bolsonaro foi seguido de uma coletiva de imprensa.
O cacique kayapó é apoiado por uma coalizão de entidades e movimentos sociais para uma candidatura ao prêmio Nobel da Paz, em razão de sua atuação histórica em defesa da Amazônia e dos direitos dos povos indígenas.
Falsa reportagem
O vídeo começa com uma vinheta de visual jornalístico. Na sequência, um apresentador faz a “denúncia”, lendo um texto repleto de erros de concordância, enquanto são exibidas imagens do cacique Raoni participando de um evento no exterior e policiais ou seguranças privados custodiando objetos que parecem ser barras de ouro.
O título da reportagem forjada segue à risca a cartilha dos manuais de fake news da extrema-direita, usando um tom sensacionalista e citando a Polícia Federal para dar à mentira ares de escândalo descoberto por autoridades: “Alerta máximo: Polícia Federal descobre ONG enviando ilegalmente barras de ouro para França”.
Pimenta cobrou providências da plataforma que abriga o material e apontou que os criadores do vídeo terão que prestar contas à Justiça e à investigação que corre no Congresso Nacional com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura a indústria das fake news no Brasil. “O YouTube tem o dever de banir esse canal e os responsáveis por essa farsa terão que se explicar à Polícia Federal e à CPI das Fake News”, escreveu o líder petista.
Por PT na Câmara