Polícia dá tratamento diferenciado em atos pró e contra golpe

Relembre cinco momentos em que a polícia agiu de forma parcial e garantiu tratamento diferenciado a manifestantes

Foto Paulo Pinto/Agencia PT

A conduta de diversas polícias, espalhadas pelo Brasil, é alvo de constantes críticas e de denúncias por parte de manifestantes de esquerda, principalmente. Entre as reclamações estão tratamento diferenciado em manifestações contra e a favor do golpe, opressão contra estudantes e intolerância.

Em Brasília, por exemplo, uma criança de apenas sete anos foi tirada do colo do pai por um policial militar durante manifestação pacífica em favor da democracia, no dia 24 de março, em frente à sede da Rede Globo em Brasília (DF). Esse é apenas o caso mais recente em que a Polícia Militar agiu de forma parcial e se colocou ao lado daqueles que querem dar um golpe à democracia.

Relembre cinco momentos em que a PM mostrou que não é imparcial:

1. Batalha da PUC
Durante um ato a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff em frente ao prédio da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), no dia 21 de março, a Polícia Militar protagonizou cenas de truculência contra estudantes contrários ao golpe.

Com armas apontadas para o rosto dos estudantes, bombas, balas de borracha e spray de pimenta, a PM de São Paulo reprimiu violentamente os ativistas que realizaram um protesto contra o ato. Enquanto isso, a mesma PM fazia um cordão de isolamento para garantir a segurança daqueles que manifestavam a favor do golpe.

2. Sirenes e continência em Brasília
No mesmo dia 21 de março, a Polícia Militar do Distrito Federal foi acionada para conter uma manifestação pró-impeachment que ocorria em frente ao Palácio do Planalto. Ao chegar ao local, os policiais ligaram as sirenes das viaturas em sinal de apoio ao ato e bateram continência para os manifestantes que passavam.

A mesma polícia, em outubro de 2015, reprimiu com balas de borracha e gás lacrimogêneo uma manifestação de professores do Distrito Federal no Dia do Servidor Público. A ação das PM ocorreu no momento em que o ato já havia terminado e os professores estavam liberando o trânsito do Eixo Rodoviário, uma das principais vias de Brasília. Alguns professores chegaram a ser retirados a força de dentro dos veículos. Ao todo, oito professores foram presos.

3. Criança na manifestação, pode ou não?
No dia 24 de março, Chico Carneiro levou seu filho para participar da manifestação contra o impeachment e pela democracia em frente à sede da Rede Globo em Brasília, quando foi detido pela PM por supostamente colocar a criança em risco. O filho, de apenas sete anos, foi tirado dos seus braços por um policial. Na delegacia, a Polícia Civil não indiciou o pai por não constatar materialidade de nenhuma prática de negligência.

PAI E FILHO DE 7 ANOS PRESOS POR PARTICIPAR DE MANIFESTAÇÃOPAI E FILHO DE 7 ANOS PRESOS POR PARTICIPAR DE MANIFESTAÇÃOUm pai foi preso juntamente com o filho de apenas sete anos por participar de manifestação na noite desta quinta-feira, 24 de março. O ato seguia pacificamente em frente à sede da Rede Globo de televisão em Brasília quando o manifestante Chico Carneiro foi detido por participar com o próprio filho do ato público da Frente Povo Sem Medo. Apesar da detenção a Polícia Civil não indiciou o pai por não constatar materialidade de nenhuma prática de negligência. O representante da Polícia Militar que prendeu pai e filho alegou que a criança teria sido colocada em risco. Segundo relato do pai e do sindicalista Yuri Soares, também detido na ação, o pai tirava um retrato do menino que brincava com bonecos durante o ato quando a PM interviu retirando o menino de seu colo e prendendo o pai. Tudo ocorreu em protesto realizado pela Frente Povo Sem Medo contra o impeachment e a favor da democracia.Reportagem Ruas e Redes

Publicado por RUAS E REDES em Sexta, 25 de março de 2016

A ação da PM neste caso contrasta com o ocorrido em outra manifestação, do dia 13 de março, quando aqueles que pedem a saída da presidenta Dilma foram às ruas. Neste momento, os policiais militares, ao invés de retiraram às crianças que participavam do ato, como fizeram com o filho de Chico Carneiro, tiravam fotos com elas.

4. Invade entidade de trabalhador, mas protege entidade de patrão
A sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Diadema (SP) foi invadida pela PM na noite do dia 11 de março, durante plenária em apoio e solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi conduzido coercitivamente para depor na Operação Lava Jato. Para os integrantes dos movimentos sociais presentes ao ato, a ação dos policiais visava intimidar a militância.

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Foto: Brasil 247

Outra instituição recebeu um tratamento diferente da Polícia Militar de São Paulo. No dia 18 de março, data da manifestação em defesa da democracia e de apoio à presidenta Dilma e ao ex-presidente Lula, a sede da Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, foi protegida pela PM. O motivo alegado era para evitar confronto, já que ainda se encontravam por lá manifestantes pró-impeachment.

5. Bombas para uns, selfies para outros
As manifestações contra o fechamento de escolas proposto pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), protagonizadas pelos estudantes secundaristas de São Paulo, em novembro do ano passado, também foram alvo das ações da PM. Com detenções e bombas de gás, a Tropa de Choque da Polícia Militar reprimiu com violência os protestos dos estudantes na Avenida Paulista que pediam a manutenção de suas escolas abertas, com educação de qualidade.

A mesma avenida foi palco de passeatas pelo impeachment. Mas a ação da PM de São Paulo não foi a mesma. No lugar de detenções e bombas de gás, selfies com os manifestantes.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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