Projeto São Francisco melhora a vida dos trabalhadores do interior nordestino

Obras de transposição no Nordeste mudam as perspectivas dos moradores da região castigada pela seca

Foto: Cadu Gomes/ AgPT

AG27051419a

Obras de transposição do rio São Francisco geram 10 mil empregos no interior do Nordeste

Em pouco mais de um ano, a vida de Emilson Gonçalves Pereira mudou. Pai de dois filhos, ele já não conseguia sobreviver em meio à seca que castigou sua roça, principalmente em 2012. Foi quando surgiu uma nova oportunidade na vida do lavrador, com o início das obras da transposição do Rio São Francisco.

Emilson trocou o trator com o qual arava a terra seca de suas terras por uma das mais de 3,2 mil máquinas pesadas que auxiliam na construção do canal que vai levar água a outros estados, por meio da transposição do Rio São Francisco.

AG27051422a

O ex-lavrador Emilson tornou-se operador de máquinas pesadas após receber curso de qualificação

Hoje, o lavrador se sente orgulhoso em ter uma nova profissão. “A obra deu um novo futuro para o pessoal daqui”, conta o operador de máquinas, que trabalha há um ano e dois meses na obra de Cabrobó, a primeira etapa do Eixo Norte do Projeto São Francisco.

É lá que começa uma nova fase para o sertão nordestino, onde 390 municípios serão beneficiados pela transposição.

O operador de máquinas é de Terra Nova, localidade próxima a Cabrobó, onde moram muitos outros trabalhadores que, a exemplo de Emilson, receberam cursos de qualificação e conseguiram ampliar seus horizontes profissionais para além das cercas de suas lavouras.

“Muitos que estão aqui eram agricultores e hoje são operários”, observa Emilson.

“Eu era lavrador e agora sou profissional”, acrescenta, orgulhoso.

AG27051423a

Carlos Rodrigues deixou a roça pra trabalhar nas obras em Cabrobó: “com a seca estava muito difícil”

Também de Terra Nova, Carlos Rodrigues Ribeiro, de 34 anos, deixou o sertão árido para ter uma nova profissão. Assim como outros conterrâneos, ele já não suportava mais a seca que assolou a região há dois anos. “Deixei a roça, pois estava difícil”, conta.

“Já não existia mais inverno, estava tudo muito seco”, ressalta o ex-agricultor que hoje trabalha como motorista profissional em uma das empresas que chegaram à região.

Segundo técnicos que atuam no trecho, muitos trabalhadores da região de Cabrobó eram agricultores e receberam qualificação profissional. Eles fazem parte dos mais de 10,3 mil operários contratados ao longo do desenvolvimento das obras.

O Projeto de Integração do Rio São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do país e figura entre as 50 maiores construções de infraestrutura em execução no mundo.

As obras não apenas formaram novo efetivo profissional, como abriu oportunidades para os que haviam adquirido experiência em outros estados. Muitos deixaram grandes centros para voltar para o sertão, de onde um dia saíram em busca de dias melhores.

Expedito Oliveira da Silva é um deles. Pedreiro, com 45 anos, voltou de São Paulo para Cabrobó ao ter notícias que havia trabalho na região. “Essa obra para a gente está sendo de grande importância”, ressalta Expedito,

AG27051413a

Expedito voltou de São Paulo para trabalhar nas obras de transposição

Todo o Projeto São Francisco tem mais de 470 km de obra linear. O Eixo Norte, vai de Cabrobó, onde é realizada a captação do Rio São Francisco, até o reservatório de Jati, na cidade do mesmo nome, no Ceará. As obras também passam por outros municípios, como Terra Nova, Salgueiro e Verdejante, em Pernambuco, e Penaforte, no Ceará.

 

Edson Luiz (texto) e Cadu Gomes (Fotos), da Agência PT de Notícias

 

PT Cast