PT aciona Receita para apurar lucros de Dallagnol e Pozzobon com Lava Jato

Mensagens divulgadas pelo The Intercept sugerem que procuradores buscavam explorar comercialmente a fama da Lava Jato, com o objetivo de enriquecimento pessoal

Fernando Frazão

Deltan Dallagnol

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e os líderes do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), e no Senado, Humberto Costa (PE), protocolaram hoje (16), na Receita Federal, representação contra os procuradores Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon, ambos da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Os parlamentares solicitam ao secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, investigação sobre se as declarações de renda de ambos são compatíveis com os ganhos como servidores públicos. Eles requerem que a Receita faça imediatamente um cruzamento das declarações de renda com as informações bancárias tanto dos dois procuradores como de suas esposas, para checar se o valor das “palestras – estimado em pelo menos meio milhão de reais – foi declarado ao fisco, com o devido recolhimento de impostos.

Os parlamentares também sugerem que a Receita faça gestões junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras – Coaf.

Lucro com fama da Lava Jato

A representação se baseia em denúncias do site The Intercept Brasil e da Folha de S. Paulo sobre a articulação dos dois procuradores em torno da exploração comercial da fama da Lava Jato, com o objetivo de enriquecimento pessoal por intermédio de palestras pagas com vultuosos recursos.

Novas mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas em conjunto com a Folha de S. Paulo revelam que Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, montou um plano de negócios de eventos e palestras para lucrar com a fama e contatos obtidos durante as investigações de casos de corrupção. O procurador Pozzebon participou dessas articulações, nas quais ambos colocam as respectivas esposas no esquema comercial.

Esposas laranjas

Nesta terça-feira (16), a Corregedoria Nacional do Ministério Público anunciou que vai investigar as palestras dadas pelo procurador Deltan Dallagnol. A decisão do corregedor Orlando Rochadel Moreira atende a uma representação do PT ao colegiado, protocolada há dois dias.

Com a instauração da reclamação disciplinar, Dallagnol e Pozzobon terão 10 dias de prazo para apresentar suas explicações. A Reclamação Disciplinar apresentada pelas Direção Nacional e bancadas do PT no Congresso Nacional se baseia em uma série de irregularidades praticadas por Dallagnol e Pozzobon, incluindo o “plano de negócios para lucrar com a fama” da Lava Jato.

Por PT na Câmara

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