PT ganha em quatro grandes cidades: Diadema, Mauá, Juiz de Fora e Contagem. E faz o vice em Belém com Edmilson Rodrigues
Em Minas Gerais, o povo elegeu as prefeitas Margarida Salomão, em Juiz de Fora, e Marília Campos, em Contagem. Na Grande São Paulo, a estrela do partido volta a brilhar em Diadema, com José de Filippi Junior, e em Mauá, com a vitória de Marcelo Oliveira. Gleisi avalia que a legenda fez o bom combate, mas enfrentou a máquina de mentiras dos adversários e o dinheiro dos conservadores
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O PT saiu das urnas no segundo turno das eleições municipais ostentando quatro vitórias em grandes centros urbanos, nos estados de São Paulo e Minas Gerais, depois de ter participado diretamente da disputa em 15 cidades com mais de 200 mil eleitores. Foi uma das mais duras disputas na história recente do país, mas o PT sai das urnas em 2020 recuperando sua força em grandes e médias cidades, depois do Golpe de 2016, quando Dilma Rousseff foi arrancada da Presidência da República pelo impeachment fraudulento, aprovado pelos conservadores, o mercado financeiro, com apoio da mídia e dos militares.
“O segundo turno mostrou que a esquerda sabe lutar”, disse a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), ao fazer um balanço da batalha eleitoral. “Nosso desempenho nas grandes cidades e a unidade que construímos em tantas delas confirma que temos uma alternativa para o Brasil”. Ela fez questão de congratular todos os candidatos do PT e aliados que se submeteram ao crivo das urnas e à histórica base do partido, que ganhou as ruas para enfrentar o bolsonarismo e o ódio dos extremistas. “Meus parabéns a toda nossa militância pela garra, num cenário tão difícil”, destacou. Ela lembrou que o PT venceu com o PSOL em Belém, e esteve ao lado de Guilherme Boulos, candidato do PSOL em São Paulo, e de Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre. “O PT segue junto com o povo”, disse.
No berço do partido, que nasceu nas portas das fábricas na região do Grande ABC, ainda no final dos anos 70, a estrela vermelha voltou a brilhar com intensidade em Diadema, com a confirmação nas urnas da vitória de José de Filippi Júnior (PT). A conquista é histórica, porque Diadema foi a primeira prefeitura assegurada pelo PT nas urnas em 1982. Neste domingo, a legenda também chegou na frente em Mauá, com a eleição de Marcelo Oliveira. E ainda ganhou as prefeituras mineiras de Contagem, com Marília Campos; Juiz de Fora, com Margarida Salomão. As duas cidades são importantes centros políticos do estado de Minas Gerais.
Além dessas quatro vitórias, a estrela vermelha também construiu a vitória de Edmilson Rodrigues em Belém, onde o PT fechou aliança com o PSOL, indicando o vice Edison Moura. A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), parabenizou a todos pelo bom combate, mas lembrou que em muitas cidades a disputa foi desigual, com o dinheiro irrigando de maneira clandestina as campanhas dos adversários e o uso da máquina administrativa sendo usada de maneira abusiva por prefeitos que disputavam as eleições ou tinham apadrinhados na disputa. Valeu de tudo para derrotar o PT.
Ainda assim, no cômputo geral, o PT saiu com 183 prefeituras municipais nas eleições de 2020, espalhadas em todas as cinco regiões do país, e ampliou sua força eleitoral em cidades médias. A legenda não tinha nenhum prefeito entre as cem maiores cidades do país. Agora, estará no comando da administração das quatro cidades mineiras e paulistas. O Partido dos Trabalhadores também foi a sigla que obteve proporcionalmente a maior votação para vereadores nas Câmaras Municipais de 38 cidades com mais de 500 mil habitantes, ficando à frente do DEM, Republicanos, PSDB, PSD e MDB. Nesses municípios, vivem nada menos que 37% da população brasileira.
Uso da máquina administrativa e das mentiras
O desempenho do PT, que disputou 15 cidades no segundo turno, foi razoável, dadas as condições políticas da disputa. A corrida eleitoral em muitas cidades foi dura e difícil, com os candidatos petistas enfrentando a máquina administrativa na mão dos adversários. O exemplo mais notório nesta reta final foi a cidade do Recife (PE), com as denúncias de uso da estrutura do governo do estado de Pernambuco e da prefeitura municipal para beneficiar o candidato João Campos (PSB), que enfrentava a deputada federal Marília Arraes (PT).
Foi uma das mais duras disputas da história política de Pernambuco. Na reta final, houve de tudo: de distribuição de cestas básicas até propaganda de boca de urnas. Tais práticas são proibidas pela legislação eleitoral, e foram usadas como instrumento para a tentativa de intimidação de Marília Arraes. O PSB também se mostrou disposto a abraçar as piores práticas dos conservadores, ao usar a estrutura e a máquina para coagir servidores públicos a atuar na campanha de João Campos. Marília enfrentou com honra a baixaria e a sabotagem. Gleisi lamentou: “O Brasil viu o que fizeram para barrar Marília no Recife”.
Na Bahia, os prefeitos Colbert Martins, de Feira de Santana, e Hezem Gusmão, de Vitória da Conquista, ambos do MDB, usaram da máquina pública e do dinheiro, e chegaram na frente dos candidatos do PT, os deputados Zé Neto e Zé Raimundo. Nessas três cidades nordestinas, a máquina adversária ainda disparou mentiras cabeludas contra os petistas na reta final da disputa, com distribuição de panfletos apócrifos e toda sorte de ataques.
Os candidatos do PT também enfrentaram os gabinetes da mentira e do dinheiro, que abasteceram os adversários. Em Vitória (ES), o candidato João Coser (PT) enfrentou a máquina reacionária da extrema-direita e do bolsonarismo, que apoiaram a candidatura de Lorenzo Pazolini (Republicanos), um deputado estadual e dublê de delegado que se elegeu espalhando mentiras e se mostrando como garoto de recados de Jair Bolsonaro. A mesma estrutura apoiou o candidato Euclério Sampaio (DEM), que ganhou a prefeitura de Cariacica, cidade capixaba em que a professora Célia Tavares (PT), chegou a ameaçar o favoritismo dos conservadores.
Da Redação