PT pede convocação de Moro para explicar intimidação a testemunha que mencionou Bolsonaro no caso Marielle
O porteiro revelou que alguém da casa de Bolsonaro autorizou a visita do assassino da vereadora e de seu motorista na véspera do crime
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A Bancada do PT no Senado e a Liderança da Minoria na Casa querem a convocação do ministro da Justiça, Sérgio Moro, para explicar a sua intervenção nas investigações do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), os fatos apurados sobre o crime baterem à porta do presidente da República, Jair Bolsonaro.
“A conduta de Moro precisa ser investigada e explicada”, cobra o Líder do PT, senador Humberto Costa (PE). Junto com o Líder da Minoria, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), ele é autor do requerimento de convocação do ministro para prestar esclarecimentos à Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC).
Entrada autorizada
Nesta quarta-feira (30) Moro, pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a instauração de um inquérito para apurar o depoimento que cita o presidente Jair Bolsonaro na investigação sobre a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Ele alega que o chefe do Executivo estaria sendo “vítima de denunciação caluniosa”.
Na véspera, foi revelado que o principal suspeito do duplo assassinato, Élcio Queirós, esteve no condomínio onde Bolsonaro tem casa, no Rio de Janeiro, na véspera do crime. A entrada de Queirós no condomínio teria sido autorizada por alguém da residência do presidente, segundo depoimento do porteiro.
Intimidação
Foi o suficiente para que Moro pedisse à PGR a abertura de um inquérito para investigar não apenas a testemunha — o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra — como também as autoridades policiais que conduzem a investigação.
“Moro não é advogado de Bolsonaro. É inaceitável que o ministro da Justiça se dirija ao PGR para intimidar uma testemunha”, avalia Humberto Costa.
Estabilidade mental?
A denúncia do Jornal Nacional, da Rede Globo, sobre a visita do assassino de Marielle ao condomínio de Bolsonaro teve forte repercussão na imprensa internacional. Jornais de diversas partes do mundo demonstraram espanto não só com o fato, mas com a reação do presidente da República, que respondeu à notícia em completo descontrole, por meio de uma live postada no Facebook.
“Em lugar de neutralizar as acusações explosivas, a reação emocional e vulgar de Bolsonaro parece ter amplificado a atenção sobre as acusações, enquanto o público, dentro e fora do maior país da América Latina, questionava abertamente a estabilidade mental do presidente brasileiro”, relatou o jornal estadunidense The Washington Post.
O prestigiado Washington Post manteve a notícia por horas como destaque em seu portal, ao longo desta quarta-feira (30), que também lembrou o constrangedor vídeo postado por Bolsonaro há alguns dias, no qual se apresenta como um “leão” acossado por um bando de hienas—uma alusão a seus “perseguidores”, entre os quais o Supremo Tribunal Federal.
Investidores vão tremer
O jornal britânico The Guardian explica em detalhes os principais desdobramentos do caso Marielle até agora, como a ligação íntima de Bolsonaro com os milicianos, citando as fotos tiradas por ele com o sargento Queiroz, um dos envolvidos no assassinato. Ouvido pelo Guardian, o senador do Jean Paul Prates (PT-RN) avaliou que quando disse que os investidores estrangeiros “estremecerão” ao ver as redes sociais de Bolsonaro.
Já para o também britânico Financial Times, a “Diatribe na madrugada levanta dúvidas sobre estado mental do presidente”, como estampou em um subtítulo. A madrugada foi o horário escolhido por Bolsonaro, que estava em Riad, na Arábia Saudita, para postar seu constrangedor “vídeo-resposta” no Facebook.
Por PT no Senado