“Quando há eleições, sempre há esperança”, diz Celso Amorim

Ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, o diplomata falou ao “El País Brasil” sobre os desafios que democracia brasileira enfrenta em 2018

EBC/Reprodução

Celso Amorim não considera ameaçadoras as bravatas do aposentado general Mourão, mas vê com preocupação que oficiais de alta patente opinem sobre a legitimidade do próximo presidente. Em entrevista ao El País Brasil, o mais longevo ministro das Relações Exteriores (e também Ministro da Defesa no primeiro governo Dilma) comentou as insinuações militaristas e os desafios à democracia que o país enfrenta nas eleições deste ano.

Para Amorim, o desconforto do momento atual é resultado de crise econômica, social política que se avolumou no Brasil desde o golpe de 2016, mas vê como um bom momento para tentar virar o jogo. “Quando há eleições, sempre há esperança”.

Questionado sobre o “autogolpe” sugerido pelo vice de Bolsonaro em caso de “anarquia”, ele afirmou que os militares fora da ativa como o Mourão já não influem diretamente nas decisões das Forças Armadas. “Ele pode ter alguma influência pessoal, mas é zero. Isso não me preocupa.”

Para o ex-ministro da Defesa, o mais alarmante é a aderência da sociedade a essa visão “pseudomilitarista” do que uma possível influência desse discurso sobre os militares. “Eu nunca ouvi nem em conversa de almoço, de cafezinho”. brincou.

Por outro lado, Amorim cobrou cautela do General Villas Bôas, comandante do Exército, ao comentar assuntos da ordem política e eleitoral. Recentemente, o chefe máximo da instituição disse ao “Estadão” que, após o atentado a Bolsonaro, as eleições poderiam ter “legitimidade questionada”.

“Eu não sei qual foi a intenção dele [Villas Bôas] e eu não posso julgar intenções, mas acho muito arriscado quando, em função de um acontecimento, você, ainda que hipoteticamente, menciona a possível falta de legitimidade de quem vier a ser eleito. Isso é muito ruim porque, evidentemente, ele não é um analista político, ele é um militar. Ele tem o poder de fazer com que as coisas que ele diga aconteçam.”

Ele também se disse triste pela posição do candidato do PSL em relação à legitimidade do pleito – em vídeo recente, ele deu a entender que não reconheceria o resultado das urnas.  “A rigor, isso sim desqualificaria um candidato na minha opinião. Uma das coisas que você não pode atentar é contra a Democracia.”

Da Redação Agência PT de Notícias, com informações de El País Brasil.

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