Ronald Sorriso: Aprovar no 6º Congresso uma JPT para seu tempo

Em artigo para a Tribuna de Debates do 6º Congresso, secretário estadual da Juventude do PT-RJ defende maior autonomia para a Juventude o partido

Tribuna de Debates do PT

Ação da Juventude pela democracia. Foto: Lula Marques/AGPT

O 6° Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores traz desafios enormes para a Juventude do PT. Não se trata apenas do necessário e essencial desafio de incidir sobre a política que vai ser gestada neste fórum máximo de deliberação sobre o futuro do PT, mas também sobre como e o que se pretende ao organizar a Juventude no PT enquanto instância. O nosso modelo de Secretaria de Juventude, extremamente ligado à burocracia partidária e, portanto, sem autonomia organizativa e financeira deixam a instância JPT aquém dos desafios do cotidiano e em desvantagem na “disputa” com as organizações juvenis “concorrentes” na atração da massa progressista.

Uma marca constante da Juventude do PT desde a sua transformação em secretaria é a imprevisibilidade na realização dos seus fóruns e congressos. Sem ter uma rubrica própria no orçamento do partido e necessitando do aval do diretório ou da Comissão Executiva Nacional para realizar alguns destes, os encontros, que são espaços de fomento, agitação e recrutamento de novos quadros, se tornam esporádicos, não tendo periodicidade ou não mais acontecendo. São exemplos disso os Encontro de Estudantes Petistas, o Festival de Cultura e Arte e as atividades setoriais, sempre muito esperadas pelo conjunto da militância. Até mesmo o fórum de renovação da política e da direção da JPT, o Congresso da Juventude do PT, é prejudicado dentro da lógica de atrelamento da instância à burocracia partidária. Resultado: a Juventude do PT, que possui estatutariamente uma gestão com período de dois anos, teve apenas 3 congressos em 9 anos de existência de sua Secretaria.

Quando as gestões municipais e estaduais se estabelecem, como financiar as atividades da Juventude Petista? Ideias de encontros, caravanas, eventos e festas esbarram na impossibilidade de gerir um orçamento. Resultante disso, as secretarias ficam restritas aos seus secretários e suas secretárias que, sobrecarregados, não conseguem cumprir todo o cronograma planejado que, caso realizado, elevariam a Juventude do PT para um outro patamar. É óbvio que sempre importa realizar uma política financeira que garanta autonomia para a JPT realizar as suas atividades excepcionais mas sem ter um orçamento específico que garanta o seu funcionamento regular, torna-se impraticável estabelecer essa política num médio e longo prazo.

Em tempo, um último nó a ser desatado que eu vou elencar aqui se dá com as filiações e o seus prazos para participação. Sem o mecanismo de filiação interna, abolido sabe-se lá por quais motivos, a Juventude do PT deixa de organizar consigo, em seus espaços oficiais e de direção, uma massa substancial de jovens de 14, 16 anos, ativistas em suas comunidades e estudantes secundaristas que atuam no seu território e nas suas escolas influenciando os rumos destas e que logo, logo irão estar nas universidades e no mercado de trabalho.

Do ponto de vista operacional, a Juventude do PT também não possui soberania na organização e no contato com os seus membros, ficando refém das burocracias das Secretarias de Organização. Para citar um exemplo, no 3° Congresso da Juventude do PT de 2015 o último jovem apto a votar no Município de Volta Redonda tinha sido filiado em 2012! Para além disso, o prazo de um ano de filiação para participar do Congresso da Juventude do PT e das direções que nele serão eleitas inviabiliza a possibilidade de organizar uma grande campanha de adesão que oxigene  de fato a instância e o Partido.

Neste sentido, proponho:

1 – Juventude do PT com autonomia organizativa: que os fóruns da JPT sejam soberanos para definir o seu calendário e os seus prazos;

2 – Juventude do PT com autonomia financeira: 10% do fundo partidário e 5% dos recursos próprios provenientes das contribuições partidárias sob gestão soberana da Juventude;

3 – Criação do SisFil.Juv: uma plataforma para permitir o acesso aos dados dos jovens filiados do PT pela Juventude do PT, com a possiblidade de inclusão de novos filiados e a admissão da filiação interna para a participação nos fóruns da JPT e;

4 – Limite da data de filiação máximo de 3 meses anteriores ao Congresso para poder votar e ser votado.

Creio que, ao aprovarmos esses 4 pontos no 6° Congresso Nacional, poderemos dar o pontapé inicial para estar à altura dos desafios que se apresentam para a Juventude do PT.

Por Ronald Sorriso, secretário estadual da Juventude do PT-RJ,  para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.

ATENÇÃO: ideias e opiniões emitidas nos artigos da Tribuna de Debates do PT são de exclusiva responsabilidade dos autores, não representando oficialmente a visão do Partido dos Trabalhadores

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