Sabotador, Campos Neto volta a se intrometer na política fiscal e ameaça subir juros
“Campos Neto segue com suas preleções públicas, algo não recomendado para o cargo que ocupa, ameaçando com juros ainda mais altos para exigir o suicídio fiscal do governo”, reagiu Gleisi, sobre tese do bolsonarista de que país pede choque fiscal “positivo”
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Em mais uma clara demonstração de desrespeito à liturgia do cargo que ocupa, o ardiloso bolsonarista Roberto Campos Neto aproveita os últimos meses à frente do Banco Central (BC) para intensificar sua estratégia de sabotagem ao crescimento do país. Fomentando um clima de terror fiscal para justificar novas altas na taxa de juros, Neto afirmou, nesta terça-feira (29), que uma redução da Selic não será possível sem um choque fiscal “positivo”.
Reiterando o que disse na segunda-feira (28), em evento do Deutsche Bank, em Londres, o bolsonarista intensificou, no Lide Brazil Conference, sua aposta em um completo desalinhamento entre as políticas monetária e fiscal. Neto advogou por medidas que considera “positivas”, como o famigerado teto de gastos, que subtraiu bilhões em recursos da educação e da saúde, nos governos Temer e Bolsonaro, para transferir ao capital financeiro por meio do pagamento de juros dos títulos da dívida pública.
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“Quando metas físicas foram mudadas começou a desancoragem nessa parte fiscal”. Segundo Neto, o Banco Central estaria preocupado porque a inflação parou de convergir com a meta no curto prazo e expectativas estão “desancoradas”, já que o “modelo de metas é baseado em expectativas”.
Expectativas futuras que ele mesmo alimenta com as projeções compiladas pelo capital financeiro para o Boletim Focus, hoje sob suspeita de manipulação de dados para favorecer a narrativa em favor da alta dos juros.
“Campos Neto segue com suas preleções públicas, algo não recomendado para o cargo que ocupa, ameaçando com juros ainda mais altos para exigir o suicídio fiscal do governo”, contestou Gleisi, pela rede social X.
Campos Neto segue com suas preleções públicas, algo não recomendado para o cargo que ocupa, ameaçando com juros ainda mais altos para exigir o suicídio fiscal do governo. O que ele chama de “choque positivo” é cortar recursos dos investimentos que fazem o país crescer, dos…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) October 29, 2024
“O que ele chama de ‘choque positivo’ é cortar recursos dos investimentos que fazem o país crescer, dos programas que atendem a população e dos aposentados, para satisfazer o insaciável mercado financeiro”, enfatizou Gleisi, em referência ao desejo da Faria Lima e dos jornalões de cortar recursos do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que dinamiza a economia nos municípios com bilhões de reais.
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“Que tal dar um choque na Selic, baixando essa taxa de juros indecente, responsável pelo crescimento da dívida pública, que é hoje o maior problema fiscal do Brasil?”, propôs Gleisi.
Lindbergh faz verdadeiro debate sobre ajuste
Recentemente, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou atenção para o verdadeiro debate que o país deixa de fazer sobre ajuste fiscal e que a mídia tenta esconder. Afinal, os juros incidem diretamente sobre a dívida pública do governo, comprometendo sua capacidade de investir em áreas estratégicas, como educação, ciência e tecnologia e inovação.
O Brasil vai gastar cerca de R$ 800 bilhões com juros da dívida pública em 2024, uma despesa altamente regressiva, do ponto de vista social, e inibidora de desenvolvimento, do ponto de vista econômico. Um cortezinho de cerca de 3% nessas despesas já daria para economizar os R$ 25…
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) October 15, 2024
“O Brasil vai gastar cerca de R$ 800 bilhões com juros da dívida pública em 2024, uma despesa altamente regressiva, do ponto de vista social, e inibidora de desenvolvimento, do ponto de vista econômico”, ressaltou o deputado, em suas redes sociais. “Um cortezinho de cerca de 3% nessas despesas já daria para economizar os R$ 25 bilhões que se pretende cortar em gastos sociais altamente progressivos e estimuladores da economia”, esclareceu Lindbergh.
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“Será que não há alternativas? Precisamos refletir sobre isso”, concluiu o deputado.
Da Redação