Senadores golpistas: Aloysio Nunes, o diplomata do golpe

Investigado por recebimento de propina e crime eleitoral, senador votou contra cotas sociais nas universidades e escolas técnicas federais

Lula Marques/Agência PT

Diplomata do golpe talvez seja um bom título para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Não bastasse ir a Washington defender o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o senador, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, divulgou nota neste domingo (8), reclamando da posição da Unasul e da Organização dos Estados Americanos (OEA), duas organizações que contestam o golpe parlamentar em curso no Brasil.

O empenho do senador nessa empreitada a favor do golpe é proporcional ao seu envolvimento em escândalos de corrupção. Candidato derrotado a vice-presidente na chapa do senador Aécio Neves (PSDB-SP), em 2014, Nunes é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela acusação de ter recebido R$ 500 mil da UTC Engenharia para obter contratos com a Petrobrás. Ele foi citado em delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora.

O senador é acusado também de praticar crime eleitoral de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro durante a própria campanha ao Senado, em 2010. O mesmo Ricardo Pessoa declarou ter doado R$ 500 mil à campanha do senador, dos quais R$ 200 mil foram repassados em dinheiro, sem que houvesse declaração ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No âmbito da Operação Lava Jato, o senador tucano foi citado ainda em delações de executivos da Andrade Gutierrez, que disseram que Aloysio, Aécio e o senador José Serra (PSDB-SP) estariam envolvidos em esquema de corrupção. A Andrade Gutierrez foi a maior doadora da campanha de Aécio à presidência em 2014. Foram 322 doações, que somaram mais de R$ 20 milhões, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O esquema de cartelização e fraudes em licitações do metrô e da CPTM em São Paulo, conhecido como trensalão tucano, também tem a marca do senador. Em relatório que entregou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 2013, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer apontou para a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo, durante os governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, o qual tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM. Um dos envolvidos no esquema, segundo Rheinheimer, é justamente o senador Aloysio Nunes, que, aliás, fez o possível para obstruir a instalação da CPI do Metrô de São Paulo no Senado.

Mas se há um fato marcante na biografia do senador, certamente é o fato de ter sido o único a votar contra a política de cotas para estudantes de escolas públicas nas universidades e escolas técnicas federais. Para ele, a lei aprovada em 2012, funcionaria como um “bônus” às camadas sociais menos favorecidas. À época, o senador também argumentou que, para que o ensino superior fosse de qualidade, seria preciso adotar um critério de proficiência, ou seja, que os alunos que ingressassem nas instituições tivessem notas altas.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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