Senadores golpistas: Ronaldo Caiado, moralista sob suspeita

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), membro da comissão que analisa o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no Senado, e visto com frequência em manifestações contra a corrupção, já foi acusado até pelo próprio colega de partido de ter recebido dinheiro ilícito para suas campanhas eleitorais.

Segundo o ex-senador cassado Demóstenes Torres, que era do Democratas, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, amigo de Ronaldo Caiado, teria financiado com verba ilícita suas campanhas de 2002, 2006 e 2010.

Cachoeira foi denunciado por tráfico de influência e negociava propinas para arrecadar fundos para disputas eleitorais. O bicheiro foi preso em 2012 por operação da Polícia Federal que desbaratou esquema de adulteração de máquinas caça-níquel. Caiado foi citado nesse contexto por Demóstenes. Ele teria participado de negociação entre Cachoeira e um delegado aposentado que queria ampliar esquemas de jogo ilegal.

Além disso, o senador por Goiás é um dos políticos que nas eleições de 2010 se beneficiou de doações de Natalino Bertin, um associado do pecuarista José Carlos Bumlai em negócios privados. Bumlai foi preso pela Polícia Federal em investigações da Operação Lava Jato. A doação a Caiado teria sido de R$ 500 mil, segundo citação em agenda de Natalino apreendida pela PF durante buscas em São Paulo.

Em 2015, o jornal “Folha de São Paulo” denunciou que o senador mantinha uma servidora nomeada no Senado Federal atuando em um escritório particular da família Caiado em Goiânia (GO). Meiry Rosa de Oliveira trabalhava em endereço diferente do informado pelo parlamentar à direção do Senado e que, além disso, a funcionária trabalhava, de forma periódica, em um escritório de apoio às fazendas de Ronaldo Caiado.

Até a família do senador Caiado já foi alvo de denúncias. De acordo com a ONG Repórter Brasil, o pecuarista Antônio Ramos Caiado, tio do senador, integra a lista suja do trabalho escravo.

Mas está não foi a primeira vez que familiares de Caiado estiveram envolvidos em caso de trabalho escravo. Em 2010, 26 trabalhadores foram resgatados em fazenda de propriedade de Emival Ramos Caiado, primo do deputado e irmão de Antônio.

O próprio Ronaldo Caiado, talvez para preservar os interesses da família, foi contra a PEC do trabalho escravo em 2012, que punia com mais rigor quem lançava mão do trabalho escravo.

Porém, quando o governo federal criou o Programa Mais Médicos para suprir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades brasileiras, o então deputado Ronaldo Caiado afirmou que os médicos cubanos que atuavam pelo programa estavam sendo “escravizados”, afirmação contestada pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas).

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias