Só mobilização popular é capaz de barrar Reforma da Previdência, avaliam parlamentares

Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social criticou duramente as mudanças contidas na PEC da Reforma da Previdência

Gustavo Bezerra

Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social

Entidades da sociedade civil e parlamentares que compõem a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Previdência Social, reunidos nesta quarta-feira (20), criticaram duramente as mudanças contidas na proposta de emenda à Constituição (PEC 6/19), que versa sobre a Reforma da Previdência encaminhada pelo Executivo ao Congresso Nacional. Coordenada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o colegiado tem o desafio de barrar o texto que inviabiliza completamente o sistema previdenciário brasileiro.

Um dos itens criticados pelo senador diz respeito ao sistema de capitalização proposto pelo governo Bolsonaro. O texto prevê um novo modelo de capitalização, onde o trabalhador para se aposentar deve fazer uma poupança privada. De acordo com Paulo Paim, essa proposta não tem contrapartida nem do empregador e nem do governo. Ele lembrou que o modelo apresentado por Bolsonaro se assemelha ao adotado pelo Chile. “Esse modelo reduziu consideravelmente o poder aquisitivo dos aposentados do Chile, um dos país com maior índice de suicídio de idosos”, alertou.

O presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), Floriano de Sá Neto, lembrou que a proposta estabelece idade mínima para aposentadoria (65 para homens e 62 para mulheres) e o regime de capitalização para os trabalhadores que ainda ingressarão no mercado de trabalho. Ele citou também a redução do valor referente ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) que passará de R$ 998 para R$ 400. Pela proposta, só terá direito ao valor total do salário mínimo quem tiver 70 anos.

O diretor da Federação do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), Celso Malhani, disse que o governo tem que explicar para a sociedade como ele pretende financiar o pagamento das atuais aposentadorias do regime geral e do regime próprio, mantida no sistema de partição simples, para o de capitalização. “Por 30 anos como o governo vai fazer para pagar? Vão criar um novo rombo e culpar os trabalhadores, retirando assim benefícios e direitos já adquiridos?”, questionou.

Mobilização popular

Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a proposta deve ser considerada não como uma reforma, mas como um projeto que privilegia os bancos e arrocha a vida de milhões de trabalhadores. Segundo ele, a proposta atinge principalmente os trabalhadores que exercem duras jornadas de trabalho. “Vamos rodar esse País junto com as entidades, com o povo brasileiro, para preservar o direito dos trabalhadores”, assegurou o deputado.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que não se pode permitir que destruam o Sistema de Seguridade Social no Brasil. “Em nenhuma hipótese vamos permitir isso sem que exista aqui uma resistência. E teremos chance de vitória se formos capazes de mobilizar a sociedade”, observou.

Rosário lembrou que o governo Bolsonaro tinha obrigação de dizer qual seria a sua proposta para questão estrutural do Brasil. E isso, segundo ela, não foi dito para a sociedade.  “Se trabalhadoras e trabalhadores tivessem participado de um processo claro, transparente, vocês acham que eles votariam contra si próprios?, questionou

“É obvio que estamos dentro da seguinte questão: um governo que diz sim aos banqueiros, aos sonegadores, que passam mão cabeça de criminosos-sonegadores e de uma base aliada que quer tirar direitos de trabalhadores, idosos, e pessoas com deficiência. Eu tenho sustentado, que sonegação é uma forma clara de corrupção. E nós temos que defender e legislar sobre isso para punir sonegadores e cobrar que pague sua conta com o Brasil”, defender Rosário.

Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), a proposta de Bolsonaro não se trata de reforma, mas de antirreforma da Previdência.A minha primeira frase é a seguinte: para quem estudou bastante a proposta de antirreforma do governo Temer, esta é mais cruel, mais injusta e aprofunda ainda mais as desigualdades sociais no nosso País”, sentenciou.

De acordo com Fontana, o volume de manipulação que vai ocorrer, por parte do governo Bolsonaro, vai exigir muito a participação da sociedade. “Então temos que ter muita participação, fazer um debate muito firme para evitar que essa barbaridade seja aprovada”.

De acordo com o deputado Marcon (PT-RS), essa reforma “é uma metralhadora na cabeça dos homens e mulheres do meio rural. Mas é também nos trabalhadores urbanos que tem carteira assinada e autônomos”.

“É preciso que venha pressão de fora para dentro. Precisamos ter mobilização. Tenho certeza de que só o povo mobilizado será capaz de barrar essa reforma”, frisou Marcon.

Por PT na Câmara

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