Soberania: Plano Estratégico da Petrobrás prevê recuperação de refinarias

Empresa cancela venda da Lubnor (CE), em meio a ataques da mídia corporativa. “Querem o país dependente do mercado externo, comprando gasolina em dólar, gerando lucro lá fora e cobrando combustível caro aqui?”, reage Gleisi

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Novo tempo: plano estratégico prevê o aumento de capacidade de processamento nas refinarias em 225 mil barris por dia

Aprovado na quinta-feira (23), o Plano Estratégico da Petrobrás (PE 2024-28+) para o período 2024-2028 prevê investimentos da ordem de US$ 102 bilhões nos próximos cinco anos, anunciou a empresa. O aporte, que representa um crescimento de 31% em relação ao ciclo anterior, abrange investimentos de R$ 11,5 bilhões em projetos de baixo carbono e a recuperação das refinarias pelo aumento da capacidade de processamento. A empresa inclusive cancelou, nesta segunda-feira (27), a venda da refinaria Lubnor, em Fortaleza (CE), devido a descumprimentos contratuais.

De acordo com a Petrobrás, o plano estratégico “prevê o aumento de capacidade de processamento nas refinarias em 225 mil barris por dia (bpd) e da produção de diesel S-10 em mais de 290 mil bpd até 2029”.

Na sexta-feira (28), durante uma coletiva de imprensa, o presidente da Petrobrás Jean Paul Prates explicou que o plano também irá permitir a geração de 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos nos próximos anos, com uma média de 280 mil postos em cada ano.

“A gente está apontando para exploração de novas áreas, reposição de reservas, continuidade das atividades de petróleo e gás, porém, com olho no futuro”, explicou Prates. “Estamos falando de coprocessamento em refinarias, gerar energia renovável em grande escala para produção de hidrogênio verde e outros produtos, metanol verde, amônia verde”.

O presidente da empresa assegurou ainda que vendas de refinarias estão canceladas na atual gestão. “Pelo contrário, vamos investir nelas para que se tornem um parque industrial, cada uma delas”, insistiu.

“Aumentamos os investimentos totais da Petrobras com responsabilidade, foco na disciplina de capital e compromisso de manter o endividamento sob controle”, declarou Prates à Agência Petrobrás.

Plano restaura integração de toda a cadeia de produção

De acordo com o plano da Petrobrás, a empresa irá promover a restauração de toda a cadeia de produção, como era antes de 2016. “O Plano fortalece a Petrobrás no mercado brasileiro, integrando a cadeia de valor desde a produção, refino, logística até o mercado”, informa a companhia.

“Serão investidos US$ 2,1 bilhões em iniciativas para remoção de gargalos logísticos, com ampliação e adequação da infraestrutura, investimento em terminais para otimizar as operações, ampliação de modais e melhoria da eficiência e resiliência”, diz o comunicado da Agência Petrobrás.

Refinarias, alvo de ataques contra a soberania do país

A recuperação e expansão das refinarias brasileiras, que sofreram o maior ataque contra a soberania energética do país na história da empresa, com as privatizações a toque de caixa no governo Bolsonaro, voltaram a ser alvo do capital especulativo. No final de semana, após a divulgação do plano da empresa, o jornal O Globo, claramente contrário aos interesses nacionais, publicou um editorial criticando a estratégia de recuperação do parque de refino nacional. “Símbolos do desperdício são as inconclusas refinarias Abreu e Lima e Comperj”, mentiu o jornal.

“O Globo joga mais uma vez contra o Brasil ao condenar investimentos da Petrobrás em refinarias de petróleo”, reagiu a presidenta do PT Nacional, Gleisi Hoffmann, pela rede social “X”. “Quer o país dependente do mercado externo, comprando gasolina em dólar, gerando lucro lá fora e cobrando combustível caro aqui e ainda manter os altíssimos dividendos para acionistas privados?”, questionou.

“Só assim pra explicar a reação aos investimentos previstos. O complexo de vira-latas não passa”, condenou.

Empresa cancela venda de Lubnor

Em meio aos ataques de representantes do capital transnacional, a Petrobrás cancelou, nesta segunda-feira, a venda da refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza (CE). Segundo nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a decisão ocorreu “em razão do descumprimento de condições precedentes estabelecidas no contrato até o prazo final, que foi no dia 25 de novembro”.

“Esse é um sinal do compromisso do governo do presidente Lula, e da nova alta administração da Petrobrás, de não seguir com as privatizações, encerrando os processos de venda”, celebrou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, em comunicado da entidade.

Bacelar defende que a empresa atue para reverter outras privatizações criminosas cometidas contra o povo brasileiro. “É importante a retomada da Rlam, da Reman e da SIX, por exemplo”, advoga Bacelar.

“A Lubnor é responsável por cerca de 10% da produção de asfalto no país, além de ser a única unidade de refino a produzir lubrificantes naftênicos – produto para usos nobres, como isolante térmico para transformadores de alta voltagem, amortecedores para veículos e equipamentos pneumáticos”, informa a FUP, lembrando que ela ainda abastece todos os estados do Nordeste e fornece derivados para Amazonas, Amapá, Pará e Tocantins.

Estrella defende auditoria sobre privatizações

A avaliação do petroleiro vai de encontro ao que pensa Guilherme Estrella, geólogo com décadas de atuação na empresa. Estrella, que teve papel decisivo, inclusive, na descoberta de petróleo na camada pré-sal das Bacias de Campos (RJ) e Santos (SP), defende uma auditoria para investigar irregularidades nos processos de privatização. Na opinião do geólogo, as refinarias foram vendidas a preço de banana.

“A refinaria de Mataripe [antiga Refinaria Landulpho Alves, citada por Bacelar], por exemplo, foi vendida pela metade do preço que a Petrobrás pagava para a seguradora que avaliava o valor”, denunciou Estrella, entrevista à TV 247. “Ou seja, quem comprou é receptador, não são pessoas honestas, isso tem de ser auditado”.

Como as refinarias tinham monopólio regional, explicou, a venda de uma refinaria significa, na prática, a transferência desse monopólio ao capital privado e estrangeiro. “Como está acontecendo na Bahia e no Amazonas”, apontou. “É um absurdo, venderam a Reman [Isaac Sabbá]”, lamentou. “Isso tem de ser revisto”.

Da Redação, com Agência Petrobrás, FUP e TV 247 

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast