“Temos uma política de morte e encarceramento da juventude negra”
Vereador Vinícius Castello (PT/PE) participou do Programa Liga Preta do PT que foca o combate ao racismo e dialoga sobre temas que interessam ao povo brasileiro e principalmente à população negra
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O Programa Liga Preta do Partido dos Trabalhadores desta quinta-feira, 23, teve como tema a situação atual da juventude negra do país. Os participantes debateram sobre a violência, o encarceramento, o mercado de trabalho e o sistema educacional, além das novas formas de organização da juventude e suas lutas para superar as adversidades.
Com o objetivo de dialogar sobre temas que interessam ao povo brasileiro e principalmente à população negra do país, o programa Liga Preta promove debates a cada 15 dias com convidados especiais para tratar de assuntos da atualidade brasileira.
A vereadora Dandara Tonantzin (PT/MG) falou sobre a importância de se conhecer a história do Brasil para entender o porquê de as lutas do povo negro serem tão urgentes e necessárias.
“Dos mais de 500 anos de história do Brasil, pelos menos 388 foram de um modelo formal de escravização formal de negros e negras. Isso significa dizer que temos pouco mais de 100 anos que o movimento negro denunciou de que tivemos uma falsa abolição. A Lei Áurea não aboliu os crimes cometidos pelos senhores de engenho contra a humanidade. Por isso que o racismo na nossa sociedade, o patriarcado, é estrutural e estruturante”, explicou Dandara.
A vereadora de Uberlândia destacou ainda que a saída para as organizações de luta sempre foram, sempre serão e precisam ser coletivas. “A saída não é individual. Temos de acabar, juntos, com o racismo, com o extermínio da juventude negra, a pobreza e a violência”.
Juventude nas ruas e nas redes
Durante o programa, perguntas foram enviadas para os parlamentares. A aproximação da juventude e o envolvimento nas pautas de combate ao racismo foi comentada por Dandara, que enfatizou a necessidade de mobilização nas ruas.
“Precisamos formar pequenos grupos nos territórios, mantendo distanciamento, usando máscara e álcool em gel. Temos de mobilizar ações de rua, pois nesse momento o presidente é mais perigoso do que o Coronavírus”, afirma a vereadora.
As narrativas nas redes sociais também foi outro tema discutido no encontro virtual. Dandara ressaltou a importância de a juventude disputar as narrativas, de mobilizar valores, sonhos e ideias.
A nossa geração precisa disputar as narrativas nas redes sociais, pois estamos em uma guerrilha digital. A nossa geração precisa ainda mobilizar valores, sonhos e ideias nas redes sociais.
Mercado de trabalho
O desemprego no Brasil e a pobreza fez parte de um debate sobre o precariado, fruto da atualização do capitalismo e do neoliberalismo, conforme Dandara explicou.
“O Brasil tem uma geração que não tem direitos, é uma classe trabalhadora fruto da intensa organização de uberização das organizações de trabalho. Essa geração é a ‘nem nem’: Nem têm direitos e nem conseguem direitos. Há muita dificuldade de inserção no mercado de trabalho formal.
Extermínio
A violência, o encarceramento da juventude negra no Brasil e os instrumentos de luta e organização atuais foram assuntos destacados pelo vereador Vinícius Castello (PT/PE).
“Temos questionamentos decorrentes de uma política genocida e neoliberal. Como a sociedade tem visualizado todo o desmonte de nossos direitos e garantias? O que temos no Brasil é uma política de morte e encarceramento. É uma política para exterminar determinada população”, afirmou Castello.
O vereador de Olinda ressaltou que a juventude negra tem sido excluída de maneira efetiva, e que é necessário, enquanto juventude, terem uma responsabilidade muito grande quando falarem sobre a história e como se estrutura as relações atuais. Disse ainda que é preciso caminhos estratégicos para fomentar a democracia e lutar para tirar o Bolsonaro do poder. “Temos de lutar para que esse governo que não nos representa, e que não traz avanços, não esteja mais a nos representar”.
Estatuto Étnico-racial
Castello falou sobre o Estatuto Étnico-racial de Olinda (PE), aprovado por unanimidade nesta terça-feira, 22, pela Câmara Municipal da cidade. O projeto de lei do vereador é o primeiro no Brasil que contempla os povos ciganos e indígenas.
“A contribuição do negro, indígena e dos povos ciganos na construção do nosso país é imensurável. Por isso, somente por meio de políticas públicas que valorizem a cultura afro-brasileira e proporcionem mais visibilidade à população negra, indígena e cigana na sociedade, estaremos promovendo de fato uma maior equidade”, destacou o vereador.
Participaram do evento a vereadora Dandara Tonantzin (PT/MG), o vereador Vinícius Castello (PT/PE) os secretários da Juventude e de Combate ao Racismo do PT, Ronald Sorriso e Martvs Chagas.
O Liga Preta é produzido em conjunto pela Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores (PT) e o Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas da Igualdade Racial da Fundação Perseu Abramo (FPA).
Assista o programa desta quinta, 23, abaixo.
Da Redação