Testemunha de acusação que ajudou no golpe é desmascarada

Senador Randolfe Rodrigues auxiliou a desmascarar auditor do TCU que ajudou a fazer um documento que ele deveria analisar com imparcialidade

Auditor do TCU, Antônio Carlos D'Ávila Carvalho, foi desmascarado (Foto: Alessandro Dantas)

A grande farsa do impeachment foi palco de uma verdadeira derrota para os golpistas na passagem do primeiro para o segundo dia de julgamento no Senado.

No final da quinta-feira (25), o presidente do julgamento, Ricardo Lewandowski, chamou a segunda testemunha de acusação para depor, Antônio Carlos Costa D’Ávila, que foi desmascarado.

D’Ávila é auditor federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU) e foi ele que apontou as pedaladas fiscais no governo Dilma.

O senador Randolfe Rodrigues perguntou ao auditor do TCU se ele havia ajudado o procurador Júlio Marcelo de Oliveira (primeira testemunha de acusação, rebaixado a informante) a elaborar a peça de acusação no processo que tramitava no TCU sobre as pedaladas fiscais de Dilma Rousseff e D’Ávila disse que sim.

O jornalista Kennedy Alencar chegou a publicar um texto intitulado “PT ganha embate político no primeiro dia do julgamento”.

Assim, Randolfe disse que D’Ávila assumiu um conflito de interesses, pois a petição de Júlio Marcelo seguiu para análise da Secretaria de Controle Externo, onde atuava a testemunha. Essa análise depois seguiu para o plenário do TCU.

“Eu joguei verde para colher maduro. O cidadão que orientou a preparar a peça é a mesma que ajudou no julgamento”, disse o senador ao jornal “Folha de S. Paulo”.

 Foto: Geraldo Magela/Agência Senado


Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Mais tarde, José Eduardo Cardozo, advogado da presidenta eleita Dilma Rousseff, usou a resposta de D’Ávila para argumentar. Ele disse que a pergunta de Randolfe “revelou algo assustador”.

“É o mesmo que um juiz ajudasse um advogado a elaborar a petição que seria dirigida a ele, para que a aprovasse”, disse. “Me parece claro que foi violentado o código de ética do Tribunal de Contas da União.” Cardozo pediu cópia das atas da sessão “tomar as providências cabíveis”.

O auditor do TCU ainda admitiu que o procurador Júlio Marcelo lhe pediu que “analisasse a minuta da representação que ele elaborou porque sou referência do tema no tribunal”. Ele disse que Júlio Marcelo pediu para que ele conferisse se a peça “estava condizente com a parte conceitual da matéria”.

Cardozo afirmou na sua réplica que o auditor “ajudou uma das partes”. O advogado da presidenta ainda perguntou se o auditor também ajudaria Dilma a analisar sua defesa, caso fosse acionado.

Na abertura da seção desta sexta-feira, o senador petista Lindbergh Farias afirmou que “começaram a desmascarar uma fraude, de como foi construído o processo no Tribunal de Contas da União”.

“Como professor eu não ajudo a parte”, afirmou o advogado de defesa José Eduardo Cardozo.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) solicitou ao presidente da seção que a testemunha de acusação, Antônio Carlos D’Ávila, seja requalificado à condição de informante.

“Primeiro ele confessa que redigiu [a peça de acusação contra Dilma Rousseff], e depois tenta remediar, dizendo que auxiliou. Ou o senhor Antônio Carlos D’Ávila mentiu para o senador Randolfe [Rodrigues] ou mentiu para o advogado José Eduardo Cardozo.

Sessão do senado para ouvir testemunhas de acusação. Foto: Lula Marques/Agência PT

Sessão do senado para ouvir testemunhas de acusação. Foto: Lula Marques/Agência PT

Outro senador do PT, Jorge Viana afirmou que o auditor Antônio Carlos D’Ávila prestou “falso testemunho” perante o tribunal, “passível de punição até com prisão”. Ele afirmou que fará representações contra o auditor.

Em seguida, houve discussão, envolvendo senadores golpistas que se incomodaram com as falas em defesa da presidenta Dilma. Ricardo Lewandowski decidiu por fazer a pausa de almoço mais cedo por conta do transtorno.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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