Todos os chefes de fiscalização da Receita do governo Richa são presos

Gaeco cumpre 68 mandados de prisão; entre eles, estão os de todos os auditores que estiveram no cargo durante o primeiro mandato de Richa

Todos os ex-inspetores-gerais da Receita Estadual durante o primeiro mandato de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná foram presos nesta quarta-feira (10), durante a segunda etapa da Operação Publicano, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Márcio Albuquerque de Lima, inspetor-geral entre julho de 2014 e março deste ano, foi preso pela manhã. O companheiro do governador em provas de automobilismo é um dos principais nomes do esquema. Seus sucessores, Lidio Franco Samways Junior, Clóvis Rogê e José Aparecido Valêncio Silva, também estão detidos.

De acordo com o jornal “Gazeta do Povo“, o advogado do delator Luiz Antônio de Souza informou que 10% da propina obtida pelo grupo seguia para os superiores hierárquicos da Receita, em Curitiba.

Recursos dos desvios podem ter ajudado a financiar a campanha de Richa à reeleição, em 2014. A Operação Publicano investiga um esquema criminoso formado por auditores fiscais da Receita, contadores e empresários que se uniram para facilitar a sonegação fiscal mediante o pagamento de propina. A apuração abrange também crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

O primo do governador, Luiz Abi Antoun, teve a prisão preventiva decretada, mas ainda não foi localizado. Em nota enviada à revista “Carta Capital”, Richa declara que “jamais soube” das acusações que pesam sobre Antoun e que os dois mantinham pouco contato. “Houve apenas relações sociais tempos atrás”.

Antoun foi preso em março deste ano por causa de vários crimes, incluindo fraude a licitações.

De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Luiz Abi trabalhou no gabinete de Richa na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), durante o mandato do tucano de deputado.

A empresa Alumpar, da família de Antoun, doou R$ 100 mil para a campanha de reeleição de Richa, em 2014, segundo a prestação de contas da campanha para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo a revista, o promotor Renato de Lima Castro disse que o esquema de propina acontece “há décadas”. Castro definiu a organização como “altamente sofisticada”.

O esquema foi delatado por Marcelo Caramori, ex-assessor e ex-fotógrafo do governo do Paraná que está preso por exploração sexual infantil. Caramori afirmou que Luiz Abi era o caixa financeiro do governador.

Após o início das operações, Richa declarou que o governo é o maior interessado e que apoia as investigações.

O MP expediu ainda 65 mandados de busca e apreensão em escritórios e gabinetes de funcionários da Receita Estadual. O sigilo bancário de 59 investigados foi quebrado.

Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias

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