Vale tem que pagar pelos crimes em Brumadinho, cobram petistas
Deputados afirmaram que vão acionar Ministério Público de Minas Gerais e lembraram que a Vale possuía estimativa de vítimas e custos com a tragédia
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“A Vale é assassina e tem que pagar pelo crime de Brumadinho”, cobrou o deputado Rogério Correia (PT MG) olhando no olho do presidente da empresa, Fábio Schvartsman, durante audiência pública na Câmara nesta quinta-feira (14). Com firmeza, o deputado disse que é, no mínimo, “um desaforo” o presidente da Vale dizer que foi um acidente, e muito menos que a Vale é “uma joia e não pode ser condenada” por Brumadinho. “Em Mariana foi crime, em Brumadinho foi crime e a Vale tem que ser condenada por isso”, reforçou o deputado petista.
Rogério Correia explicou que agrava ainda mais a situação da Vale o presidente vir à Câmara se fazer de vítima e dizer que não sabe porque aconteceu o “acidente criminoso”. Na avaliação do deputado, que presidiu na Assembleia de Minas, a CPI que investigou o rompimento da barragem em Mariana – e que até hoje ninguém foi punido – mesmo a CPI tendo indiciado 20 pessoas, porque a Vale pagou advogados “caríssimos”. Segundo o deputado, “agora não é diferente, pois ele vem aqui fazer lobby para livrar a empresa”. Rogério Correia acredita que “só mesmo com a CPMI que foi protocolada ontem (13) para exigirmos que o presidente deponha aqui no Congresso e fale a verdade sobre o que aconteceu em Brumadinho”, apontou.
O deputado Correia citou ainda reportagens e documentos do Ministério Público que revelam que a Vale sabia do alto risco do rompimento da barragem de Brumadinho. “Eles sabiam, tinham cálculos, projeções, mas preferiram o lucro”, lamentou.
Prisão por ocultamento de provas
Rogério Correia anunciou também que vai acionar o Ministério Público de Minas. Ele vai propor que o ministério analise com rigor esses documentos e as reportagens publicadas, nas quais afirmam que a Vale era sabedora de que o crime ia acontecer. “E, com base nesses fatos, pedir a prisão preventiva da diretoria da empresa por ocultação de provas para que nada seja apurado, como aconteceu em Mariana”, argumentou.
O deputado Patrus Ananias (PT-MG) falou na audiência pela Liderança do PT. Ele também destacou matéria publicada pela Folha de S.Paulo de ontem (13), revelando que a Vale sabia com 15 dias de antecedência que a tragédia iria acontecer. “A Vale tinha documentos, estimativa de vítimas, custos com a tragédia, mas preferiu o lucro sem se preocupar com as vidas, com a biodiversidade, com as águas, com o meio ambiente. A Vale age com frieza, diz que não sabe os motivos do rompimento. Só se preocupa em ganhar milhões por ano”, reclamou.
Patrus também manifestou preocupação com as negociações da empresa na tentativa de reparação dos danos. “É uma negociação aparentemente generosa, fazendo acordos diretamente com famílias pobres, com pequenos agricultores. Será que não está faltando a presença do Estado nessas negociações em nome do bem comum, do interesse público?”, questionou.
O deputado Patrus Ananias alertou ainda sobre o legado trágico deixado no crime de Mariana. “Os agricultores familiares atingidos por esse crime ainda estão relegados pela Vale. Precisamos evitar que isso venha acontecer às vítimas do crime de Brumadinho”.
Minuto de silêncio em homenagem às vítimas
Os participantes da audiência realizada pela comissão externa que acompanha os desdobramentos do rompimento da barragem em Brumadinho realizaram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas desse crime ambiental. Todos os expositores e a plateia ficaram de pé, apenas o presidente da Vale permaneceu sentado e cabisbaixo.
Além de Fábio Schvartsman, participam da audiência – que ainda está em andamento – o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Victor Hugo Froner Bicca; o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Germano Luiz Gomes Vieira; o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais, Renato Teixeira Brandão; a coordenadora-geral de Emergências Ambientais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Fernanda Cunha Pirillo Inojosa; o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet; e o defensor público Antônio de Maia e Pádua.
Por PT na Câmara