Valor do dólar torna-se convite à exportação

Encontro de exportadores quer mostrar a oportunidade aberta não só pelo plano lançado pela presidenta Dilma, mas também pelo barateamento do produto brasileiro no exterior

Os exportadores brasileiros obtiveram, nos últimos dias, uma oportunidade inigualável de se lançar ao mercado internacional. E não só pela edição do Plano Nacional de Exportações (PNE) da presidenta Dilma Rousseff há pouco mais de um mês, como pelo atual contexto da flutuação cambial da moeda brasileira – cada dólar está valendo acima de R$ 3,40.

Essa paridade entre as duas moedas torna atrativos os preços do produto brasileiro e abre as portas de diversos mercados estrangeiros à produção nacional. Mostrar essa oportunidade é o principal objetivo do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2015), que se realizará entre os dias 19 e 20 de agosto, no Centro de Convenções Sul-América, no Rio de Janeiro.

“Se há alguma possibilidade de retomada do crescimento econômico, ela é puxada pela taxa de câmbio”, afirmou à Agência PT de Notícias o economista Rubens Sawaya, doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ele alerta, no entanto, que o mercado internacional não está tão aberto devido à crise que atinge a quase todos os países, indistintamente, o que reduz a disponibilidade deles em concretizar compras externas.

A moeda desvalorizada “facilita a rentabilidade do produto brasileiro”, descreve Sawaya, dando ênfase às exportações de commodities (matérias primas para produção de produtos de maior valor agregado), como grãos e minérios. “Elas vão trazer mais divisas, mas o que pode mudar a dinâmica (da crise brasileira) é passar a substituir produtos importados (como máquinas e equipamentos)”, acrescenta o professor.

“Se (o cenário econômico) sinalizar que vai haver retomada do crescimento, os empresários passam a produzir internamente. Esse é o efeito positivo da substituição de importações”, ressalta Sawaya.

Importância – E foi pensando em tudo isso que os exportadores lançaram o encontro que pretende discutir e promover as exportações brasileiras. Seus idealizadores ponderaram, durante o lançamento do Enaex, na última quinta-feira (30), sobre a oportunidade do programa de estímulo editado pelo Palácio do Planalto em 24 de junho.

Em nota, a Associação dos Exportadores Brasileiros (AEB) destacou a importância do plano da presidenta Dilma Rousseff ao dar a palavra ao seu principal executor, o titular da Secretaria de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento (Mdic), Marcelo Maia. O secretário defendeu a descentralização dos processos de exportação e a aplicação de medidas de suporte ao plano.

Entre as iniciativas estão acesso aos mercados; remoção de barreiras para facilitar ampliação de parcerias; promoção e facilitação comercial, com desburocratização, simplificação dos processos aduaneiros, redução de prazos e custos; e garantia de financiamento, com aumento de recursos de programas oficiais como de Financiamento às Exportações (Proex), BNDES-Exim e Seguro de Crédito à Exportação.

Maia anunciou também o aperfeiçoamento de mecanismos e do regime tributário do setor. “Nós temos vários desafios, mas um dos principais é a descentralização, uma vez que as exportações acontecem, sobretudo, nas regiões Sudeste e Sul do país. O ministério está disposto a ouvir as empresas brasileiras e suas reivindicações”, acentuou Maia, na nota divulgada pela AEB.

Lado positivo – O lado mais visível da depreciação do real é o impacto de alta inflacionária nos preços internos ao consumidor, devido ao grau de componentes importados que ajudam a formá-lo. O contraponto a isso, o lado positivo do dólar mais caro, é a atratividade que os produtos brasileiros passam a oferecer, por se tornarem mais baratos ao comprador estrangeiro.

Para se ter uma ideia de escala, basta lembrar que com o preço atual do dólar se compra o dobro do que se comprava no início de 2012 (apenas três anos atrás), quando a moeda norte-americana valia R$ 1,70. A atual paridade é tão boa para a exportação que, além de cobrir os custos da produção interna, ainda cobre gastos com impostos, transporte e entrega da mercadoria e ainda assegura uma boa margem de lucro ao produto made in Brasil – a rentabilidade citada por Sawaya.

A conquista de sucesso na execução do plano de exportação poderá servir para aumentar a atividade industrial no país, reaquecer o mercado de trabalho nacional, estabelecer novo fluxo de entrada de reservas estrangeiras e ajudar a contrapor o eventual desbalanceamento nas despesas brasileiras feitas no exterior. Exportar tem amplo alcance sobre os diversos indicadores que compõem uma economia de mercado.

Isso traz não apenas riqueza, mas a chance de o brasileiro reinvestir no aprimoramento da produção. E não só as commodities voltam a se colocar como alternativa atrativa aos olhos do mercado mundial, como muitos segmentos da produção industrial readquirem preços competitivos com os de concorrentes internacionais. O país perde essa condição quando a moeda nacional está valorizada demais, exatamente o contrário do que acontece agora.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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