Vendido como “gestor”, Doria foi o pior prefeito de São Paulo em 18 anos

Pesquisas mostram que tucano terminou o primeiro ano de governo como o mais rejeitado entre os últimos quatro prefeitos, perdendo só para Pitta e Maluf

Fernando Pereira / SECOM-PMSP/ Fotos Públicas

Prefeito de São Paulo, João Doria

O ex-prefeito de São Paulo conquistou parte do eleitorado com a promessa de ser um “gestor”. Eleito, prometeu cumprir os quatro anos de mandato e dizia não ter qualquer interesse em seguir na carreira pública. Mas o candidato de Geraldo Alckmin – que agora representa um risco ao PSDB – absorveu rápido os piores vícios da política.

Empossado sob bons índices, Doria terminou seu primeiro ano de governo como o pior prefeito dos últimos 20 anos. Uma pesquisa Ibope/Rede Nossa São Paulo mostrou que 41% dos eleitores consideravam a gestão Doria ruim ou péssima, o pior entre os três últimos mandatos (Kassab e Haddad).

Dois dias depois de sair da prefeitura, em dezembro deste ano, sua rejeição disparou a 47% em pesquisa do Datafolha.

Já a série histórica do Datafolha mostra ainda que Doria terminou o primeiro ano de governo como o mais rejeitado dos que comandaram a prefeitura desde os anos 90, perdendo apenas para Celso Pitta e Paulo Maluf, cujos governos foram marcados por escândalos e corrupção.

O antecessor Fernando Haddad também teve desempenho fraco, embora os catalisadores de sua má performance estejam mais atrelados a questões nacionais – os protestos de 2013, o impeachment de Dilma Rousseff e o desgaste do PT em meio à Lava Jato.
Mas Doria não desagrada só não só ao ter abandonado o cargo para arriscar-se em busca de mais poder. 77% do eleitorado paulistano acredita ele fez pela cidade menos do que o esperado. Não à toa: das promessas feitas por ele na campanha, menos de 20% foram cumpridas até a saída dele. E as que ficaram à cargo do vice-prefeito pouco avançaram desde então.

Confira algumas delas:

Promessa: Mais Unidades Básicas de Saúde e atendimento ambulatorial
Realidade: Corte de investimentos e obras paradas

Uma Unidade Básica de Saúde (UBS), no Grajaú, extremo leste da capital.

A unidade prometida para se entregue em março desde ano, mas está parada há mais de 9 meses. os moradores sem resposta. Prometia atender 30 mil pessoas com custo zero aos cofres públicos. Mas os patrocinadores deixaram para trás. E o povo ficou sem resposta.

Animado com o movimento que a obra traria, o empresário Davi Miranda abriu um restaurante em frente ao local, mas teve que fechá-lo. “Eu não só investi, eu acreditei nessa obra e fui enganado.”

Em março, a gestão Doria também tentou fechar 108 AMAs (Assistência Médica Ambulatorial), sob o pretexto de transferi-las para UBSs, mas voltou atrás. As farmácias do SUS dentro da Unidades Básicas de Saúde também quase acabaram.

Promessa: Criação de três novos centros culturais
Realidade: Nenhum novo centro cultural

Durante a campanha, Doria prometeu erguer novos museus em São Paulo: o Museu da história da cidade de São Paulo, o Centro da Memória da Dramaturgia Brasileira e o Centro Cultural Afro. Mas nenhum dos projetos saiu do papel.

Promessa: Zerar o déficit das filas em creches
Realidade: Filas e ração humana na merenda escolar

Em sua campanha, Doria prometia acabar com a fila de espera de 65,5 mil vagas para creches da capital. Mas saiu da prefeitura entregando só 20% dessa meta.

Ele também propôs incluir uma farinha obtida a partir de alimentos quase vencidos e que seriam descartados na merenda escolar de alunos da rede municipal, contrariando especialistas em nutrição e uma lei aprovada por Fernando Haddad que incluía alimentos orgânicos nessas refeições. Após uma avalanche de críticas, Doria abriu mão do projeto.

Além disso, o tucano usou imagens da Rússia e dos EUA para ilustrar a propaganda eleitoral que falava das creches.

Promessa: Zerar filas e baixar o tempo de espera com o Corujão da Saúde
Realidade: O tempo de espera não caiu

O Tribunal de Contas Municipal atestou que a programa não cumpriu a promessa de diminuir as filas de espera. O ex-prefeito fixara 30 dias para exames urgentes e 60 dias para os demais, mas o prazo médio foi de mais de 3 meses. E ainda assim, Doria promete levar o programa para o estado.

Promessa: Inaugurar mais Centro de Cidadania LGBT
Realidade: Abandono, suspeitas de corrupção e nenhuma unidade inaugurada

Os quatro centros que existem hoje em São Paulo foram inaugurados ou ampliados na gestão Haddad. Desde a posse de Doria, esses locais passaram a sofrer com falta de estrutura, funcionários fantasmas e até vandalismo.

Bruno Covas também é criticado pela população LGBTI+ por manter no cargo o coordenador Ivan Santos Batista, acusado de articular uma rede de corrupção nesses centros.

Promessa: Aterramento de fios e eliminação de 3 mil postes
Realidade: Pouco avanço e corrupção

Quando lançou a primeira etapa do  Cidade Linda Redes Aéreas, o tucano prometeu enterrar 52 km de fios em 117 ruas. O projeto mudou de nome e a promessa ficou por isso mesmo. Até agosto deste ano, porém só haviam sido alteradas 13 ruas da cidade – um total de 4,2 quilômetros.

A iluminação pública, aliás, ficou em segundo plano na gestão. Secretário acusado de. Por evidências de corrupção, foi uma Parceria Público-Privada que substituiria meio milhão de pontos na cidade foi suspensa. E Doria se tornou réu.

Via Brasil de Fato

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