Haddad: desenvolvimento pleno só existe com inclusão social
Durante debate preparatório ao Congresso do PT, ex-ministro da Educação relembra anos de ouro do país a partir de Lula e vê na integração nacional caminho para o futuro
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Não são poucos os atributos que justificam o lugar de destaque em que se encontra Fernando Haddad entre as vozes mais autênticas da política nacional. Além do gabarito técnico, erguido sob a patente de advogado, mestre em economia e doutor em filosofia, ele carrega também a bagagem prática de gestões reconhecidas e elogiadas à frente do Ministério da Educação e da Prefeitura de São Paulo.
É natural, portanto, que em sua veia política circule anos de experiência acumulada e uma rara visão sobre o Brasil de ontem, de hoje e do futuro. Em sua participação durante o terceiro Seminário Preparatório ao 7º Congresso Nacional do PT, realizado na noite desta segunda-feira (26) na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, Haddad mais uma vez foi cirúrgico ao analisar o tema que lhe foi proposto: desenvolvimento nacional.
“O desenvolvimento de uma nação não é exclusividade da esquerda. A história, inclusive no Brasil, tem inúmeros exemplos de crescimento econômico gerados por governos conservadores ou liberais. Mas se tem uma coisa que a Era iniciada por Lula fez foi provar que é possível promover desenvolvimento com inclusão e combate à desigualdade”, ilustra.
Para corroborar a própria afirmação, o petista inevitavelmente recorre ao imenso legado deixado durante os 13 anos que o partido esteve à frente do governo federal, mas sempre pontuando que, paralelo às políticas de inclusão como Bolsa Família, criação de universidades federais entre muitas outras, havia também a preocupação permanente com geração de emprego e renda – com estado forte e mercado competitivo.
Haddad reconhece, no entanto, que a herança dos governos petistas tem de ser usada de maneira propositiva, de olho no atual contexto em que se situa o Brasil e o mundo. “O PT nasceu enfrentando o status quo, inclusive em relação à esquerda mundial. É uma riqueza do nosso partido interagir dessa maneira, respeitosa, sem hierarquia para compartilhar experiências e buscar consensos dentro do próprio partido. Mas como o mundo está em constante mudança nós também precisamos nos adequar às necessidades atuais”, alerta.
Para levar isso adiante, ele menciona reiteradamente a necessidade de promover um grande projeto de integração, que permita ao país se desenvolver por inteiro, não fadado a experiências pontuais:
“Temos que pensar na integração da economia nacional de maneira diferente. Temos que acelerar esta questão para fazer com que as empresas brasileiras possam ter escalas para competir em âmbito inclusive mundial. Temos que nos preparar com força nesta questão. Temos que fazer mais do que já fizemos”.
O mundo de hoje, prossegue Haddad, exige decisões um pouco mais radicais. “Não adianta mais em pensar em integração gradual. Nós não teremos condições de concorrer se não houver essa integração. Temos que pensam num programa para 2022 que esteja à altura do Brasil, do que já fizemos para o país, mas que vá adiante (…) Precisamos de ousadia em algumas medidas. O mundo está se mexendo muito rápido.”
Proposta dos seminários
Os Seminários Preparatórios são debates realizados pela Executiva Nacional do PT e pela FPA durante os meses de agosto e setembro de 2019 com objetivo fomentar contribuições, além das trazidas pelas teses das chapas inscritas no 7º Congresso Nacional do PT – Lula Livre.
Todos os debates são divulgados e transmitidos pelas redes do PT e da FPA e a coordenação sugere aos diretórios a organização de salas coletivas em todo o Brasil para acompanhar, enviar questões e aprofundar o debate em cada local.
O debate de lançamento aconteceu em 5 de agosto e teve como tema “Capitalismo x Democracia”. A presidenta nacional do PT Gleisi Hoffmann e Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, deram início à atividade, que contou com a participação do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
No dia 12, foi a vez da filósofa Marilena Chauí falar sobre a relação entre democracia e capitalismo com análise precisa sobre o que o tema acarreta diante do assombroso autoritarismo iniciado por Jair Bolsonaro.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias