STF confirma suspeição e parcialidade de Moro nas acusações contra Lula
Em julgamento terminado nesta terça-feira (23), a Segunda Turma do Supremo decidiu que Sergio Moro não agiu com imparcialidade ao julgar Lula
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A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, nesta terça-feira (23), que Sergio Moro não agiu como deveria e foi parcial ao julgar Lula. Assim, depois da anulação das ações contra o ex-presidente, mais uma justiça foi feita, com o reconhecimento de que Moro e a Lava Jato perseguiram Lula e nunca deram a ele chances de um julgamento justo.
Os advogados do presidente afirmaram que a decisão é “histórica e revigorante” (leia a nota na íntegra). Já Lula disse esperar que o julgamento “sirva de guia para que todo cidadão tenha direito a um julgamento justo, imparcial e independente” (veja abaixo).
Três dos cinco ministros da Segunda Turma concordaram com a defesa de Lula e consideraram Moro parcial: Cármen Lúcia, que apresentou novo voto na sessão desta terça, e Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, que haviam votado na sessão do último dia 8, quando o ministro Nunes Marques pediu vista (mais tempo para analisar o caso). Marques foi o único a acompanhar o relator do caso, Edson Fachin.
– Esperamos que o julgamento realizado hoje pela Suprema Corte sirva de guia para que todo e qualquer cidadão tenha direito a um julgamento justo, imparcial e independente, tal como é assegurado pela Constituição da República.
Leia a nota da defesa: https://t.co/frLHDlQy5e
— Lula (@LulaOficial) March 23, 2021
Para a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), a decisão do Supremo é uma vitória da Justiça, do direito e da esperança. “Ao proclamar que Sergio Moro nunca foi juiz imparcial, foi carrasco, o STF fez mais do que garantir a Lula os direitos roubados pela Lava Jato. Começou hoje o caminho para recuperar a credibilidade do Judiciário brasileiro”, afirmou Gleisi.
Ao proclamar que Sergio Moro nunca foi juiz imparcial, foi carrasco, o STF fez mais do que garantir a Lula os direitos roubados pela Lava Jato. Começou hoje o caminho para recuperar a credibilidade do Judiciário brasileiro. Vitória da Justiça, do direito e da esperança.
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 23, 2021
A ex-presidenta Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad também celebraram a decisão. Haddad ressaltou a importância da revisão do voto da ministra Cármen Lúcia “para o bem do Estado Democrático de Direito”, enquanto Dilma avaliou que o STF corrigiu “o maior atentado contra a Justiça cometido na história do Brasil”.
1 O STF corrige o maior atentado contra a Justiça cometido na história do Brasil. Confirma que um juiz parcial e faccioso comandou um grupo de procuradores que abusavam de seu poder para fabricar acusações, condenar um inocente e destruir o estado democrático de direito. (…)
— Dilma Rousseff (@dilmabr) March 23, 2021
Carmen reviu seu voto, para o bem do Estado Democrático de Direito. Um dia histórico. O herói foi desmascarado. O falso Messias será o próximo!!
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) March 23, 2021
“Alguém compraria um carro do Moro?”
As críticas mais duras a Moro na sessão desta terça-feira vieram do ministro Gilmar Mendes, que pediu a palavra após o voto de Nunes Marques. Mendes disse que Moro desmoralizou a Justiça brasileira.
“Não importa o resultado deste julgamento. A desmoralização da Justiça já ocorreu. O tribunal de Curitiba é conhecido mundialmente hoje como um tribunal de exceção. Este nos envergonha”, disse Mendes, após explicar que as mensagens de celular de Moro e dos procuradores, apreendidas pela Polícia Federal, embora ajudem a esclarecer o que houve, não foram consideradas na decisão.
Mendes ainda acrescentou: “Algum dos senhores aqui compraria um carro do Moro? Algum dos senhores hoje seria capaz de comprar um carro do (procurador da República Deltan) Dallagnol? São pessoas de confiança? Alguém o contrataria como advogado nessas circunstâncias, tendo agido dessa forma?”
Os abusos de Moro
Cármen Lúcia, que havia apresentado voto diferente em 2018, quando a suspeição de Moro começou a ser julgada, explicou que reviu sua posição diante da “reverberação” das condutas de Moro, que acabou por revelar “um quadro que macula o devido processo legal”.
Para a ministra, quatro ações de Moro deixam claro que ele não agiu com a imparcialidade que é devida por um juiz. A primeira foi quando determinou a condução coercitiva de Lula para depor na Polícia Federal em março de 2016, em uma clara tentativa de prejudicar a imagem do ex-presidente. A segunda foi a autorização de escuta telefônica nos aparelhos dos advogados de Lula, ignorando, assim, o direito à privacidade que um cidadão tem ao se comunicar com seus defensores.
Hoje é um dia histórico. O STF finalmente reconheceu o que sempre soubemos: Moro foi um juiz suspeito, parcial e desonesto. Ainda que tardia, nesta data finalmente são derrubadas tantas injustiças proferidas durante anos contra Lula, que continua comprovando sua inocência.
— Paulo Rocha (@senadorpaulor) March 23, 2021
Outro ato que comprova a parcialidade de Moro, segundo Cármen Lúcia, foi a divulgação de conversa entre Lula e a então presidenta, Dilma Rousseff, em 16 de março de 2016, quando o ainda juiz divulgou apenas os trechos de conversas telefônicas que o interessavam, com a clara intenção de dar força ao golpe contra Dilma. Por fim, ressaltou a ministra, Moro se mostrou mais uma vez parcial ao escolher as vésperas das eleições presidenciais de 2018 para retirar o sigilo da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci.
Acaba hoje uma das maiores farsas da história judicial mundial e a maior farsa do judiciário brasileiro. @LulaOficial emerge enorme, inocente, digno; porta voz de nossa esperança. Moro conhece o que mereceu em sua ganância e vaidade: a vergonha, a pequenez, o esquecimento.
— Bohn Gass (@BohnGass) March 23, 2021
O ex-juiz agora tem a sua sentença. Moro entra para a história como o magistrado que, por motivos alheios à Justiça, optou por cassar os direitos políticos de um grande líder. Estamos com @LulaOficial e estamos do lado certo!
— Senador Jean (@senadorjean) March 23, 2021
Da Redação