Sabesp terá que reduzir retirada do Cantareira

Alckmin continua evitando admitir existência de racionamento, que acontece de fato nos bairros populares

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) deverá reduzir em 13,2% a retirada do Sistema Cantareira a partir do final de setembro, segundo resolução da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEDD), tomada na reunião com o Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Sistema Cantareira (GTAG), o comitê anticrise. Atualmente, são retirados 19,7 mil litros por segundo do reservatório.

A medida ocorrerá em duas etapas. Até 30 de setembro a vazão será de 18,1 mil litros/s e, no final de outubro, cairá para 17,1 mil litros/s. O comitê anticrise determinou ainda que as vazões  para a bacia do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí), que abastece cerca 5 milhões de pessoas na região de Campinas, sejam mantidas em 3000 litros/s, podendo ser aumentadas para 4000 litros/s, caso necessário.

O presidente do Comitê da Bacia do Alto Tietê, Chico Brito, analisa as recomendações como positivas. “O comitê anticrise analisa tecnicamente o que pode ser feito. Não adianta tirar mais de um lugar para poupar de outro. O Cantareira está baixando um ponto percentual por dia, o que obriga o Gtag a agir com enrijecimento. Estão jogando dentro do cálculo matemático possível o que se pode fazer para não fechar a torneira”, avalia.

Brito lamenta a posição do governo Geraldo Alckmin de não oficializar o racionamento, que acontece na prática e se limita aos bairros pobres. “O Alckmin vai exaurir todas as alternativas para não ter que decretar rodízio”, diz o presidente.

O chefe do departamento de recursos hídricos da Universidade de Campinas (Unicamp), Antônio Carlos Zuffo, lembra, porém, que a maior perda de volume de água decorre dos vazamentos na rede de abastecimento e que são necessários investimentos para detectá-los e proceder o conserto. “As perdas físicas na distribuição é onde deve haver investimentos. Hoje, se perde de 15.000 a 20.000 litros/s por vazamento, gerando uma perda de 40%. Teria que haver um programa mais efetivo, que localize estes vazamentos, com scanner de solo, por exemplo”, explica Zuffo.

Com a nova redução determinada pelos órgãos gestores, de 2,6 mil litros por segundo, é possível abastecer cerca de 500.000 pessoas. A medida é uma resolução parcial da reunião do Gtag, que será concluída apenas no dia 3 de setembro, quando será divulgado o Comunicado número 11 do comitê. Nesta terça-feira (2), o volume armazenado do Cantareira, que está funcionando apenas com o volume morto, atingiu a baixa recorde para 10,7%.

 

Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias

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