Ministra da Saúde reforça ações contra vício em apostas no país

Após reunião com o presidente Lula, Nísia Trindade anunciou novas medidas para ampliar o atendimento de pessoas com problemas relacionados às apostas, especialmente por meio das Equipes de Saúde da Família

Agência Brasil

"Na saúde, sempre temos de olhar ao mesmo tempo a questão da prevenção e promoção da saúde nessa questão dos jogos", reforça Nísia Trindade

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, participou, na quinta-feira (3), no Palácio do Planalto, da reunião ministerial convocada pelo presidente Lula para discutir os impactos das apostas online, conhecidas como “Bets”, na saúde do povo brasileiro e na economia do país. Na ocasião, Lula destacou a gravidade da situação: “Tem muita gente se endividando, gastando o que não tem, as pessoas estão dependentes, estão viciadas”.

Após a reunião, Nísia Trindade falou com jornalistas e anunciou que o ministério vai reforçar a atenção ao problema do vício em jogos nas unidades de saúde pública.

Segundo a ministra, a medida incluirá a ampliação do enfoque das Equipes de Saúde da Família sobre o tema, além do fortalecimento da assistência já oferecida pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

O Sistema Único de Saúde (SUS) acolhe pessoas que buscam assistência, em campos específicos de atendimento para as pessoas que têm problemas com o jogo, ou seja, que estão começando ou já têm o hábito vicioso, e também aquelas que têm transtorno do jogo, isto é, que já receberam diagnóstico psiquiátrico e já estão em um nível de gravidade mais elevado.

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Consequências graves para a saúde pública

Durante a entrevista, Nísia Trindade ressaltou que o vício em jogos é uma questão de saúde pública tanto no Brasil quanto no mundo.

“Na saúde, sempre temos de olhar ao mesmo tempo a questão da prevenção e promoção da saúde nessa questão dos jogos. Em termos de prevenção, é importante o reforço dessa pauta, por exemplo, no Programa Saúde na Escola. Os programas educativos são fundamentais”, explicou.

A ministra também destacou a necessidade de se estabelecer uma classificação internacional específica para o “jogo patológico”, diferenciando os jogos online de outros tipos de apostas.

Ela comparou a luta contra o vício em jogos a outras campanhas de sucesso, como as de combate ao tabagismo. “É possível trabalhar essa pauta de maneira similar, com campanhas de conscientização e medidas de controle”, completou.

Fortalecimento da rede de assistência

Desde o início de 2023, no governo Lula, o Ministério da Saúde vem investindo na expansão da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com a habilitação de 117 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Com isso, o Brasil atingiu a marca de 2.953 CAPS em 2024, sendo 314 exclusivos para crianças e adolescentes.

Esses centros desempenham um papel essencial no acolhimento e tratamento de pessoas que enfrentam transtornos decorrentes de vícios em jogos e outras dependências.

Além disso, a Atenção Primária à Saúde (APS), que é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), tem um papel fundamental na identificação precoce de transtornos relacionados ao uso de jogos de apostas.

De acordo com dados recentes do governo Lula, a cada 8 atendimentos realizados nas Unidades Básicas de Saúde, 1 está relacionado à saúde mental.

Leia mais: Governo vai atuar para evitar assédio publicitário das bets

Pesquisa revela impactos econômicos e sociais

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reforçam a preocupação do governo Lula com o aumento de problemas financeiros e de saúde decorrentes do vício em apostas.

Segundo a pesquisa, o número de brasileiros e brasileiras que reportam dificuldades financeiras associadas ao uso excessivo de sites de apostas cresceu significativamente nos últimos anos.

O levantamento mostrou que a popularização dessas plataformas tem contribuído para o endividamento de milhares de famílias.

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Medidas de regulamentação

A regulamentação das apostas online no Brasil está em andamento, e a partir de janeiro, todos os sites de apostas deverão utilizar o domínio brasileiro “bet.br”.

Além disso, as empresas terão que cumprir rigorosas normas de combate à fraude e à lavagem de dinheiro, além de serem obrigadas a pagar uma outorga de R$ 30 milhões para operar legalmente no país.

Da Redação, com informações do Ministério da Saúde

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