Mulheres recorrem à rede pública por parto normal
Índice de cesarianas na rede particular é de 84%
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Muitas mulheres têm procurado a rede pública de saúde em busca de um parto mais humanizado e com menos intervenções médicas, de acordo com reportagem da Agência Brasil. Preocupadas com o alto índice de cesarianas na rede privada (84%) e sem condições de contratar uma equipe de saúde completa, elas têm optado por hospitais públicos de referência em saúde maternoinfantil.
A professora de matemática Camille Ramalho, que deu à luz no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, fez o pré-natal pelo plano de saúde, mas na hora do nascimento do filho escolheu o Sistema Único de Saúde (SUS). Ela disse ter se informado sobre o assunto antes de tomar a decisão. “Li muito, conversei com muitas mães e não me arrependo”, conta.
No Rio, a busca pela Maternidade Maria Amélia tem se tornado uma tendência, analisa a enfermeira obstetra Heloisa Lessa, da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstétricas. Segundo ela, com as novas regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a defesa do parto normal por organizações sociais, as gestantes têm se informado sobre os riscos da cesariana desnecessária.
De acordo com Heloísa, um parto humanizado requer uma equipe humanizada, o que custa caro e não é garantida na rede privada. “Muitos médicos preferem fazer cesarianas porque podem ser agendadas com antecedência e são mais bem remuneradas pelos planos de saúde”, afirma.
Em casos de gravidez de baixo risco, o parto normal humanizado é a melhor opção, segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Silvana Granato. No processo, a equipe está treinada para realizar o menor número de intervenções possível no corpo da mulher, como a episiotomia (corte no períneo) e a injeção de ocitocina (hormônio sintético).
“A ocitocina, por exemplo, aumenta o número de contrações do útero, o que aumenta a dor e torna o parto normal mais dolorido”, alertou. Ela também observa uma migração de mulheres para a rede pública, onde as parturientes podem usar banheiras para aliviar a dor, além de receber massagens e exercícios para ajudar a relaxar, o que é permitido no Maria Amélia.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro disse que não é possível estimar quantas gestantes com plano de saúde preferem ter bebês na unidade pública. Para estimular a prática, o governo do Estado do Rio tem treinado equipes e recentemente comprou uma banheira para o Hospital Estadual dos Lagos de Saquarema, na Região dos Lagos.
“Banhos de imersão em água morna ajudam no trabalho de parto”, disse o coordenador de Maternidades da Secretaria de Estado de Saúde, Jorge Calás.
De acordo com a coordenadora da pesquisa Nascer no Brasil, da Fiocruz, Maria do Carmo, entre as vantagens do parto normal estão a redução da morte materna, além de dores pós-operatórias. Nos bebês, diminui risco de morte intrauterina, complicações respiratórias e obesidade na infância.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil