A fome está de volta no Brasil, diz Relatório internacional

Para a senadora Gleisi, o enfraquecimento de programas sociais pelo atual governo, como o bolsa família tem influência nesses índices

Brasil 247

Crise econômica trouxe fome de volta para o Brasil

A crise econômica que o Brasil enfrenta cobra seu preço das camadas mais vulneráveis da população. Depois de sair do “Mapa da Fome” em 2014, relatório elaborado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), ela está de volta à realidade do país. É o que aponta o relatório “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018”, divulgado na quarta-feira (7), por instituições ligadas ao sistema das Nações Unidas.

De acordo com as estimativas atualizadas, a desnutrição alcançou até 5,2 milhões de brasileiros no período, superando os percentuais anteriores. Antes dos governos petistas, 18.8 milhões de brasileiros sofriam a fome.

Para a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, esse é um dos desafios a ser enfrentado nos próximos anos, assim como o possível fim da valorização do salário mínimo, a piora nas condições de desemprego e a queda na renda da população.

“Não tem nenhuma sociedade, minimamente evoluída, sem ter o direito básico de comer. Tudo o que foi feito na área social, durante os 13 anos de governo, terá que ser feito novamente”, disse Gleisi no programa Entre Vistas, da TVT, que foi ao ar na terça-feira (6).

Para Gleisi, o enfraquecimento de programas sociais pelo atual governo, como o bolsa família tem influência nesses índices.

Obesidade e desnutrição

Paradoxalmente aos números da fome, o relatório da FAO aponta a má nutrição e o consequente avanço da obesidade, como motivos de preocupação. De acordo com o levantamento, 7,3% das crianças com menos de cinco anos, ou 3,9 milhões, estão com sobrepeso. Já entre os adultos maiores de 18 anos, 57,7% estão acima do peso, sendo 23,6% obesos. No Brasil a obesidade passou de 6,6% da população adulta em 1980 para 22,1% em 2016.

Outro problema grave destacado pelos especialistas é a baixa ingestão de micronutrientes como ferro, cálcio e vitaminas A e D, numa carência apelidada de “fome oculta” que leva ao desenvolvimento de diversos problemas de saúde, como anemia, fragilidade de dentes e ossos, além de atrasos no desenvolvimento cognitivo das crianças e cegueira infantil. Segundo o relatório, 22% das mulheres em idade fértil na região (14 a 49 anos) sofrem de anemia.

Políticas públicas

Os especialistas destacam ainda que por trás destes números estão profundas desigualdades sociais e de gênero, com a desnutrição ou a má nutrição afetando principalmente as camadas mais pobres da população e as mulheres. Realidade que torna ainda mais importantes políticas públicas de combate não só da questão da fome em si, mas de suas causas subjacentes, como a pobreza e a miséria. É o que afirma Julio Berdegué, representante da FAO para América Latina e Caribe, que cita como exemplo o Programa Fome Zero, implantado pelo governo Lula em 2003, e iniciativas sociais agregadas, como o Bolsa Família.

A afirmação dele vem de encontro ao que disse a senadora Gleisi Hoffmann na entrevista à TVT: “As políticas sociais implementadas pelo Partido dos Trabalhadores, apesar de criticadas por muitos, foram as responsáveis por retirar o país do Mapa da Fome. É nesse sentido que temos que trabalhar”, avaliou.

Por PT no Senado

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