Abandonada por Bolsonaro, indústria segue com produção estagnada

Setor se mantém 1,5% abaixo do nível pré-pandemia e 17,9% atrás do recorde batido sob Dilma Rousseff. “Situação permanece ainda distante da normalidade”, constata pesquisador do IBGE

A paralisia de Guedes: Até agosto de 2022, a indústria acumula no ano queda de 1,3% frente ao mesmo período de 2021 (Site do PT)

No Brasil de Jair Bolsonaro e seu ministro-mascate Paulo Guedes, a única indústria que prospera é a de fake news. Na economia real, o setor ainda patina em patamares pré-pandemia, desprovido de qualquer política pública voltada para o estímulo ao crescimento da produção e da competitividade da indústria nacional. É o que mostra a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (5) pelo IBGE.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam queda de 0,6% na produção industrial de julho para agosto, eliminando o avanço de 0,6% do mês anterior. Duas das quatro grandes categorias econômicas e oito dos 26 ramos pesquisados sofreram redução na produção nesse período.

Até agosto de 2022, a indústria acumula no ano queda de 1,3% frente ao mesmo período de 2021. Os resultados negativos são registrados nas quatro grandes categorias econômicas, 17 dos 26 ramos, 57 dos 79 grupos e 60,5% dos 805 produtos pesquisados. Em 12 meses, a queda é dobrada: 2,7%.

Com esse resultado, o setor ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020). Também está 17,9% atrás do nível recorde alcançado em maio de 2011 sob o Governo Dilma Rousseff, que superava a grande crise econômica mundial investindo em medidas anticíclicas para manter o dinamismo da economia.

Crescimento (de 2,8%), houve apenas na comparação com agosto de 2021, quando a incúria do desgoverno Bolsonaro na economia e sua campanha insana contra a vacinação desorganizavam as cadeias produtivas. Há um ano, a pandemia de Covid ainda se mantinha no auge, com a morte de mais de 23,5 mil pessoas apenas naquele mês.

“O crescimento observado no índice mensal de agosto foi influenciado não só pelo efeito calendário, já que agosto desse ano teve um dia útil a mais do que em 2021, mas também pela baixa base de comparação, uma vez que em agosto de 2021 a atividade industrial recuou 0,6% e interrompeu, naquele momento, 11 meses consecutivos de taxas positivas”, explica o gerente da pesquisa, André Macedo.

Petróleo, alimentos e extrativismo puxam o setor para baixo

Conforme o pesquisador, entre as atividades com queda em agosto, a maior influência negativa veio do setor coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,2%). Outras contribuições negativas vieram das indústrias de produtos alimentícios (-2,6%) e indústrias extrativas (-3,6%). “Esses três segmentos são os que mais pressionam a indústria como um todo. Juntos, respondem por cerca de 36% do setor”, ressalta.

Ainda na comparação com julho, entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis (-1,4%) e bens intermediários (-1,4%) apresentaram taxas negativas. Ambas eliminaram parte dos avanços do mês anterior: 1,5% e 1,8%, respectivamente.

“Com esses resultados, o setor industrial ainda não recupera as perdas do passado recente”, analisa Macedo. “E apesar da melhora no fluxo de insumos, matérias-primas e dos estoques, a situação permanece ainda distante da normalidade, o que afeta diretamente o custo de produção.”

Pelo lado da demanda doméstica, o pesquisador também ressalta que, apesar das medidas eleitoreiras de incremento de renda tomadas só agora pelo desgoverno Bolsonaro, as famílias continuam sendo afetadas negativamente por juros e inflação em patamares elevados. “Isso aumenta os custos de créditos, diminui a renda disponível e faz com que as taxas de inadimplência fiquem em níveis mais elevados”, conclui.

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A corretora norte-americana S&P Global detectou a continuidade dessa tendência de queda da produção industrial no Brasil em setembro. Seu Índice de Gerentes de Compras de Fabricação (PMI, da sigla em inglês), divulgado esta semana, caiu pelo quarto mês consecutivo, de 51,9 para 51,1, marcando o crescimento mais lento na atividade fabril desde fevereiro. As causas são a redução do poder de compra da população, as baixas vendas no varejo e a fraqueza do setor automotivo.

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Lula: recuperação de investimentos em Ciência e Tecnologia para fortalecer a indústria

A recuperação do setor industrial é um dos pontos centrais da política econômica que Luiz Inácio Lula da Silva pretende implementar a partir de janeiro de 2023, caso seja eleito no segundo turno. “Para se transformar em um país industrial, é preciso que você faça investimento em ciência e tecnologia, é preciso que você faça mais universidades, mais escolas técnicas”, defendeu em entrevista a uma emissora de rádio em abril.

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Em agosto, durante encontro com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Lula pediu aos empresários que sinalizem que nichos de indústria devem ser estimulados no Brasil. “Nosso programa de governo passa por compreender que esse país precisa se reindustrializar”, lembrou.

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Conheça as diretrizes do programa de governo do Movimento Vamos Juntos pelo Brasil clicando aqui.

Da Redação, com informações do IBGE

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