Alberto Fernández responde a fake news espalhada por Bolsonaro
O presidente da Argentina manda Bolsonaro se informar sobre Constituição após o brasileiro dizer que Exército do país vizinho estava nas ruas “para manter o povo em casa”
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, respondeu de forma dura a um tuíte no qual Jair Bolsonaro replicou uma fake news envolvendo o Exército do país vizinho.
Na quinta-feira (15), Bolsonaro reproduziu uma imagem que anunciava o uso das Forças Armadas argentinas para cumprir um “toque de recolher”. Mal informado, como de costume, o brasileiro escreveu: “Exército Argentino nas ruas para manter o povo em casa. Toque de recolher entre 20h e 08h”.
Fernández, ao desmentir a informação, mandou recado a Bolsonaro. “Não declarei estado de sítio nem penso em fazê-lo. Nem as Forças Armadas fazem segurança interior, apenas atuam em catástrofes, dando apoio à população”, declarou o presidente argentino em entrevista a uma rádio. Em seguida, comentou sobre Bolsonaro: “É preciso explicar a ele a Constituição argentina”.
O ministro da Defesa argentino, Augustín Rossi, rebateu Bolsonaro diretamente no Twitter. “As Forças Armadas argentinas não realizam ações de segurança no interior do país. Desde o começo da pandemia a Saúde Militar vem trabalhando na luta contra a Covid. Apenas prevenção sanitária, durante o dia, atuando desarmada como em todas as ações que realizamos na pandemia”, afirmou.
Las FFAA argentinas No realizan seguridad interior. Desde el principio de la pandemia la Sanidad Militar viene trabajando en la lucha contra el COVID.Solo prevención sanitaria, durante el día, concurriendo desarmados como en todas las acciones que hemos hecho en la pandemia https://t.co/1esLwlEkPT
— Agustín Rossi (@RossiAgustinOk) April 15, 2021
“Cepa Bolsonaro”
A verdade é que, em vez de criticar a atuação das Forças Armadas na Argentina, Bolsonaro deveria se inspirar nela. Como disse Fernández, seu governo tem contado com o apoio de “oficiais que fizeram a carreira na democracia, defendem as instituições e, a partir deste espaço, têm colaborado de modo magnífico na pandemia, levando assistência a locais de maior vulnerabilidade”. Entre as ações há entrega de alimentos e assistência médica.
Em contrapartida, no Brasil, o Exército acabou se tornando cúmplice de uma política negacionista e genocida. Com o general Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde, o Brasil viu quase 300 mil brasileiros morrerem por Covid-19 e se tornou uma ameaça global.
Não por acaso, os argentinos foram as ruas protestar, não contra seu governo, mas contra Bolsonaro, que, ao não agir da forma devida contra o coronavírus, ameaça também a saúde das populações vizinhas. Na quarta-feira (14), manifestantes protestaram em frente à embaixada do Brasil em Buenos Aires, com faixas nas quais se liam dizeres como “Fora Bolsonaro”, “A cepa Bolsonaro”, “Perigo mundial” e “todo apoio ao povo brasileiro”.
Da Redação, com informações de Carta Capital e Página 12