Alberto Fernández responde a fake news espalhada por Bolsonaro

O presidente da Argentina manda Bolsonaro se informar sobre Constituição após o brasileiro dizer que Exército do país vizinho estava nas ruas “para manter o povo em casa”

Frederico Rotter

Militares argentinos distribuem comida para população durante a pandemia

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, respondeu de forma dura a um tuíte no qual Jair Bolsonaro replicou uma fake news envolvendo o Exército do país vizinho.

Na quinta-feira (15), Bolsonaro reproduziu uma imagem que anunciava o uso das Forças Armadas argentinas para cumprir um “toque de recolher”. Mal informado, como de costume, o brasileiro escreveu: “Exército Argentino nas ruas para manter o povo em casa. Toque de recolher entre 20h e 08h”.

Fernández, ao desmentir a informação, mandou recado a Bolsonaro. “Não declarei estado de sítio nem penso em fazê-lo. Nem as Forças Armadas fazem segurança interior, apenas atuam em catástrofes, dando apoio à população”, declarou o presidente argentino em entrevista a uma rádio. Em seguida, comentou sobre Bolsonaro: “É preciso explicar a ele a Constituição argentina”.

O ministro da Defesa argentino, Augustín Rossi, rebateu Bolsonaro diretamente no Twitter. “As Forças Armadas argentinas não realizam ações de segurança no interior do país. Desde o começo da pandemia a Saúde Militar vem trabalhando na luta contra a Covid. Apenas prevenção sanitária, durante o dia, atuando desarmada como em todas as ações que realizamos na pandemia”, afirmou.

“Cepa Bolsonaro”

A verdade é que, em vez de criticar a atuação das Forças Armadas na Argentina, Bolsonaro deveria se inspirar nela. Como disse Fernández, seu governo tem contado com o apoio de “oficiais que fizeram a carreira na democracia, defendem as instituições e, a partir deste espaço, têm colaborado de modo magnífico na pandemia, levando assistência a locais de maior vulnerabilidade”. Entre as ações há entrega de alimentos e assistência médica.

Em contrapartida, no Brasil, o Exército acabou se tornando cúmplice de uma política negacionista e genocida. Com o general Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde, o Brasil viu quase 300 mil brasileiros morrerem por Covid-19 e se tornou uma ameaça global.

Não por acaso, os argentinos foram as ruas protestar, não contra seu governo, mas contra Bolsonaro, que, ao não agir da forma devida contra o coronavírus, ameaça também a saúde das populações vizinhas. Na quarta-feira (14), manifestantes protestaram em frente à embaixada do Brasil em Buenos Aires, com faixas nas quais se liam dizeres como “Fora Bolsonaro”, “A cepa Bolsonaro”, “Perigo mundial” e “todo apoio ao povo brasileiro”.

Da Redação, com informações de Carta Capital e Página 12

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