Amorim: Lula é “o grande pacificador”, essencial para evitar a nova Guerra Fria

Para ex-chanceler, ao visitar Europa e Argentina, Lula começou a reunificar a América do Sul e a aproximar a região à União Europeia, processos fundamentais para a construção de um mundo multipolar

Leo Pinheiro

Celso Amorim: "Lula mostrou que o Brasil não é um pária internacional. O atual governo é que é"

Nas recentes visitas que fez à Europa e à Argentina, Lula não só comprovou que o Brasil tem um importante papel a cumprir no mundo como se mostrou uma liderança indispensável na construção de um planeta mais pacífico e harmonioso. A análise é do ex-ministro das Relações Internacionais Celso Amorim, que acompanhou o ex-presidente em ambas as viagens.

Em entrevista ao Jornal Rádio PT, nesta quinta-feira (16), Amorim analisou que, na primeira viagem, à Europa, Lula mostrou que o Brasil continua sendo respeitado. Quem não conta com o respeito das outras nações é o governo de Jair Bolsonaro.

“Foi uma visita altamente exitosa que a mídia brasileira não pôde esconder. E foi boa não só para o presidente Lula, mas também para o Brasil, porque mostrou que o Brasil não é um pária internacional. O atual governo é que é”, afirmou Amorim (ouça no player ou assista à íntegra no vídeo abaixo).

Já a ida à Argentina, na semana passada, complementa a visita feita à Europa em novembro porque, no país vizinho, Lula se mostrou como “o grande pacificador” capaz de liderar a volta da unidade sul-americana, algo essencial para que todos os países da região, incluindo o Brasil, tenham maior relevância no cenário global.

“O Brasil não existe sem América Latina e Caribe. O Brasil é muito grande, mas não grande o suficiente para enfrentar esse mundo de blocos, em que a China é um bloco, os Estados Unidos são um bloco e a União Europeia é um bloco. A América do Sul pode ser um bloco. Mas esse bloco, para atuar internacionalmente, precisa do Brasil”, explicou.

Mundo bipolar X mundo multipolar

A formação de um bloco sul-americano, por sua vez, interessa à Europa, prosseguiu Amorim. “Apesar das diferenças, como o nível de desenvolvimento, na maneira de encarar a realidade global há uma certa semelhança entre América do Sul e União Europeia, porque, para países como França, Alemanha, Espanha, Itália, não interessa um mundo marcado por uma nova Guerra Fria (entre China e Estados Unidos), na qual os países têm de tomar partido entre um ou outro lado”, avaliou. “Uma pareceria estratégica com a União Europeia, portanto, é muito importante.”

Tal parceria, ressaltou Amorim, pode passar por um acordo comercial, mas não por um acordo que seja desvantajoso para a América do Sul. “Não é possível fazer um acordo que nos relegue permanentemente à condição de produtor de bens primários. Temos de ter um acordo que favoreça o nosso desenvolvimento industrial, tecnológico. (…) O acordo deve ser parte de algo mais amplo, porque temos de desenvolver a unidade da América do Sul como um todo, que pode dar força para a região atuar nesse mundo de blocos, afastar ou ao menos mitigar essa ideia de Guerra Fria, de uma bipolaridade excludente, para um mundo mais multipolar em que poderemos atuar com mais facilidade”, defendeu o ex-chanceler brasileiro.

Da Redação

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