Aplicativo com “botão do pânico” salva mulheres da violência

O aplicativo Salve Maria funciona no estado do Piauí e permite que vítimas de violência enviem localização para a unidade policial mais próxima

Reprodução

Aplicativo teve 581 registros

“Somos responsáveis agora por salvar mulheres, por salvar vidas”, afirmou a delegada Eugênia Nogueira durante o lançamento do que se tornou uma das grandes ferramentas do enfrentamento a violência contra a mulher no Piauí, o aplicativo “Salve Maria”.

O aplicativo, criado em 2016, possui um “botão do pânico” específico para mulheres que se encontrem em situações de ameaça, assim elas podem acioná-lo e criar um alerta que envia sua localização para a unidade da polícia militar mais próxima.

Outra ferramenta disponível no aplicativo é o “botão denúncia” que possibilita a qualquer pessoa denunciar anonimamente situações de violência contra a mulher, nesse caso o registro vai para polícia civil. O Piauí possui o maior índice de feminicídios do país, segundo o 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O “botão do pânico” serve também para situações de importunação sexual e ele pode ser acionado em qualquer local no momento do ato criminoso. Em casos de violação da intimidade da mulher através de exposição de fotos, vídeos e outros, o “botão denúncia” também pode ser utilizado.

Eugênia explica que estão trabalhando para criar dentro do “Salve Maria” um chat, como uma espécie de ouvidoria para recolher depoimentos de mulheres independente de apertarem ou não os botões

A delegada declara que “o ‘Salve Maria’ surgiu de várias políticas que estavam sendo implementadas, mas que ainda encontravam dificuldade de permitir a chegada até a mulher que estava sendo agredida, a tempo de salvá-la, e como o crime de feminicídio na maior parte das vezes acontece dentro da casa da vítima por seu parceiro, em alguns casos a mulher não ia até a delegacia denunciar então não havia ciência do que estava acontecendo até ser tarde demais”.

O aplicativo permite que mulheres em situação de violência possam pedir ajuda em um momento de ápice daquela situação. Desde março de 2017 foram feitos 581 registros, 436 do “botão denúncia” e 145 do “botão pânico”.

“O Salve Maria surgiu como a forma de nós adentrarmos a casa da mulher que está em situação de violência a qualquer hora, a qualquer instante para que possa ser evitado o feminicídio”, afirma Eugênia.

Um pouco da história da delegada

A piauiense Eugênia Nogueira se tornou delegada em 1999, uma época em que não era comum mulheres nessa profissão. Começou sua carreira trabalhando com causas sociais, o que normalmente era dado as delegadas na época. O cargo era visto como algo masculino.

Quando trabalhava na corregedoria bateu de frente com o caso que mudou a sua trajetória. Um escrivão trouxe um pedaço de orelha dentro de um frasco. Era de uma mulher que havia traído o marido e por isso permitiu que o companheiro decepasse sua orelha por acreditar que merecia aquilo como castigo. A partir desse episódio se dedicou a estudar soluções para casos de violência contra a mulher.

Por Jéssica Rodrigues, para a Secretaria Nacional de Mulheres do PT

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