Bilaterais: Lula discute Mercosul, integração, saúde, transição energética e paz

Após discursar com destaque na 78ª Assembleia Geral da ONU, presidente brasileiro participa de oito encontros bilaterais com importantes chefes de Estado e lideranças mundiais

Ricardo Stuckert

Presidente Lula durante reunião bilateral com o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou esta semana em Nova York de uma série de encontros bilaterais com chefes de Estado e lideranças internacionais após ter discursado na abertura da 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

Ao todo foram oito encontros bilaterais, onde o presidente Lula tratou de temas relevantes para o Brasil e fortaleceu as relações comerciais do país, além de debater sobre questões de integração, transição energética, saúde e paz no mundo.

Na quarta-feira (20), o presidente Lula se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O encontro, em Nova York, aconteceu à margem da Assembleia Geral da ONU, onde ambos discursaram na véspera, e logo antes do lançamento de uma iniciativa criada pelos governos brasileiro e norte-americano para a defesa do trabalho digno.

Os dois líderes conversaram sobre o programa voltado para gerar mais empregos de qualidade, mas também falaram sobre democracia, transição energética e proteção ao meio ambiente.

“É muito importante que os Estados Unidos vejam o que está apostando no Brasil nesse momento histórico de transição ecológica, de mudança de matriz energética, que o país tenha de investimento em energia solar, eólica, biomassa, biodiesel, etanol, hidrogênio verde, ou seja, há uma perspectiva de trabalho em conjunto excepcional entre Brasil e Estados Unidos. É um novo tempo na relação entre Estados Unidos e Brasil, uma relação de iguais, sóbria e de interesses comuns”, afirmou Lula.

O presidente norte-americano, por sua vez, destacou a necessidade de que os dois países trabalhem juntos para preservar o meio ambiente e promover uma democracia não só no Brasil, mas em todo o continente.

“Trabalharemos juntos para resolver a crise do clima, mobilizando centenas de milhões de dólares para preservar a Amazônia e os ecossistemas cruciais da América Latina. Trabalharemos juntos na parceria da cooperação atlântica, promovendo o crescimento econômico. As duas maiores democracias do hemisfério ocidental estão defendendo os direitos humanos no mundo, incluindo os direitos dos trabalhadores”, declarou Biden.

Integração Brasil-Paraguai

Na quarta-feira (20), o presidente Lula se reuniu com o presidente do Paraguai, Santiago Peña , em Nova York (EUA). Foi o último compromisso do presidente na viagem para participação na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Na reunião, os dois presidentes falaram sobre questões de integração entre os países, em especial o acordo sobre a Usina de Itaipu que está em negociação.

Outras obras que aumentam a conectividade entre Brasil e Paraguai também foram abordadas, como o corredor bioceânico, que facilitará o fluxo de mercadorias, e a conclusão da ponte entre Presidente Franco e Foz do Iguaçu.

Combate à pandemia e papel do SUS

Ainda na quarta-feira, o presidente brasileiro se encontrou com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Esse foi o primeiro encontro presencial entre os dois. Na conversa, o presidente Lula reconheceu o papel desempenhado pela OMS no combate à pandemia de Covid-19, mesmo diante das dificuldades causadas pela propagação de informações falsas sobre a doença e as vacinas.

Lula também conversou com o diretor da OMS sobre o papel do SUS, decidindo no enfrentamento da pandemia no Brasil, a necessidade de se fortalecer o sistema de cooperação mundial na área da saúde como forma de facilitar o acesso da população aos medicamentos e imunizantes, melhorar o atendimento básico e promoção de hábitos de vida mais saudáveis.

Além do presidente Lula, participaram do encontro a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

Esforços pela paz

O presidente Lula também teve um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky , na tarde de quarta-feira. Foi o primeiro encontro reservado entre os dois líderes desde a posse de Lula, em janeiro de 2023.

Durante a reunião, os presidentes conversaram sobre maneiras de discutir as relações entre os dois países e também falaram sobre a importância de se encontrar uma solução que leve à paz no conflito entre a Ucrânia e a Rússia.

Eles instruíram suas equipes a continuarem em contato e o presidente Lula disse que um representante continuará participando das reuniões do Processo de Copenhague, para discutir possibilidades de paz”, explicou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em um resumo à imprensa.

A ideia, segundo Vieira, é que ambos os países continuam a procurar caminhos e mecanismos para aprofundar relações.

Mercosul e União Europeia

Na terça-feira (19), após discursar na Assembleia Geral da ONU, o presidente Lula se reuniu, em Nova York, com o chanceler alemão Olaf Scholz.

O principal assunto do encontro foi o acordo entre o Mercosul e a União Europeia e, ao líder europeu, Lula afirmou que pretende fechar as negociações ainda durante a sua presidência no Mercosul. O brasileiro assumiu o comando do bloco continental no início de julho, por um período de seis meses.

A agenda em Nova York marcou o terceiro encontro entre os dois líderes neste ano, após Scholz ter sido recebido por Lula em Brasília no final de janeiro e ter reencontrado o presidente brasileiro em Hiroshima, no Japão, durante a Cúpula do G7, em maio.

Além dos temas ligados ao acordo Mercosul-União Europeia, Lula e Olaf Scholz conversaram sobre a Guerra da Ucrânia e discutiram a conjuntura mundial.

Parcerias com a Noruega

O presidente Lula também teve na terça-feira uma reunião bilateral com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre , quando eles conversaram sobre financiamento ambiental e investimentos em fontes de energia renováveis. A Noruega é um dos principais investidores estrangeiros do Fundo Amazônia, juntamente com a Alemanha, e voltou a liberar verbas para projetos na região no início deste ano.

A reunião também abordou questões comerciais, uma vez que o Brasil é o principal parceiro comercial da Noruega fora da Europa. O país europeu tem investimentos nas indústrias de petróleo e gás e mineração, especialmente alumínio, em território brasileiro.

Solução para a Palestina/Israel

Também na noite da terça-feira, Lula se encontrou com o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas.

Abbas cumprimentou o presidente Lula pela vitória na eleição de 2022 e também pelo discurso na abertura da Assembleia Geral. Em sua fala, Lula criticou o sistema de governança global, que ainda não conseguiu implementar a solução de dois Estados, Palestina e Israel, na região.

O presidente palestino também aproveitou para convidar Lula a visitar o país quando quiser. Em março de 2010, no fim de seu segundo mandato, o presidente do Brasil realizou sua primeira visita oficial à Palestina.

Transição energética

O presidente Lula se encontrou também na terça com o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, quando falaram sobre questões ambientais, citaram a expectativa em torno da COP30, que será realizada em Belém (em 2025).

Os dois chefes de Estado trataram de transição energética e da busca por fontes limpas de energia. Lula ressaltou a intenção do governo brasileiro de iniciar uma “industrialização verde”, com baixa emissão de carbono, a partir da matriz energética do país, que já é uma das mais limpas do mundo.

O presidente também conversou com seu homólogo austríaco sobre a Aliança Global para Biocombustíveis, lançada ao lado de Índia e Estados Unidos durante a Cúpula do G20, em Nova Delhi. A iniciativa aposta no papel dos biocombustíveis e dos veículos flex na descarbonização do setor dos transportes. A intenção é fomentar a produção sustentável e o uso desses produtos, o que coloca o Brasil em uma vitrine de grande projeção, pelo histórico de produção, manejo e know how.

Da Redação, com site do Planalto

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