Bolsonarista prega desigualdade como fonte de “progresso”
Conhecido por apresentar Paulo Guedes ao então candidato Jair em 2018, empresário Winston Ling reafirma convicções ultraliberais em postagem depois apagada
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Um dos primeiros empresários a embarcar na candidatura de Jair Bolsonaro, o brasileiro de origem chinesa Winston Ling foi ao Twitter nesta terça-feira (19) para defender que “nós precisamos de mais desigualdade, não menos”. Responsável por apresentar o banqueiro Paulo Guedes ao então candidato em 2018, Ling ignorou estudo da Oxfam apontando que a desigualdade mata uma pessoa a cada 4 segundos no mundo.
Gaúcho de Santa Rosa, berço da soja no Brasil, o empresário sino-brasileiro vive fora do país faz 31 anos – dez anos nos Estados Unidos, 16 em Shanghai e os últimos cinco em Hong Kong. A postagem dele, já apagada das redes sociais, foi uma resposta em tom de crítica à PEC eleitoreira de Bolsonaro recentemente aprovada pelo Congresso Nacional, no momento em que mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome.
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Crítico das medidas de isolamento durante a pandemia, Ling reproduziu o título de um texto do Instituto Mises defendendo que “a desigualdade impulsionada pelo mercado é fonte de progresso”. Como se não fosse, na verdade, fonte de mais e mais lucros para os super ricos.
“As atividades dos indivíduos talentosos desencadeiam mudanças econômicas e tecnológicas que impulsionam o crescimento econômico a longo prazo e criam oportunidades para as pessoas medianas ingressarem nos círculos da elite”, afirma trecho do texto. O mercado, dizem os “pensadores” do Mises, agiria como “observador imparcial do valor”. Enquanto o Estado, sob Bolsonaro, massacra os mais pobres.
Umbilicalmente ligado a grupos brasileiros de extrema-direita, o think tank ultraliberal foi fundado em 2007 com base nas ideias do anarcocapitalista austríaco Ludwig Von Mises. A entidade faz parte da rede gerida pelo “gabinete do ódio” bolsonarista, disseminando mentiras e meias verdades com verniz de “análise econômica”.
O combate à desigualdade é um dos alvos prioritários das propostas do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Em visita ao México em março, ele celebrou o fato de o país estar sob um governo progressista que também prioriza os mais pobres.
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“É com muita felicidade que vejo o México travar essa mesma guerra justa contra a desigualdade e a fome, e, em apenas quatro anos, conquistar importantes vitórias”, afirmou Lula em discurso na Câmara dos Deputados. “A luta contra a desigualdade é um caminho sem volta, que, além do México, está sendo trilhado hoje também pela Argentina, o Peru, o Chile, a Bolívia e Honduras, com seus governos progressistas.”
No discurso, Lula apontou as consequências da ascensão da extrema direita no Brasil. “São os cerca de 650 mil mortos pela covid, os 14 milhões de desempregados, e os 116 milhões de brasileiros que sofrem algum grau de insegurança alimentar, de moderada a muito grave. Pessoas que só conseguem comer uma vez por dia. E pessoas que simplesmente não têm o que comer”, finalizou o presidente mais popular da história.
Da Redação