“Bolsonaro não deveria mais ser presidente”, diz Lula a revista francesa

“Bolsonaro é, na minha opinião, diretamente responsável por pelo menos metade das mortes, que poderiam ser evitadas”, afirmou Lula à revista Paris Match

Ricardo Stuckert

"Em qualquer país onde a democracia funciona normalmente, Bolsonaro, que é objeto de uma centena de pedidos de impeachment, não deveria mais ser presidente"

Em entrevista à revista francesa Paris Match, publicada nesta quinta-feira (20), o presidente Lula responsabilizou Jair Bolsonaro por grande parte das mortes na pandemia de Covid-19, pois elas poderiam ser evitadas caso o atual presidente tivesse adotado as medidas necessárias para frear o avanço do novo coronavírus.

Ao ser questionado se Bolsonaro responderá na Justiça pelo genocídio em curso, Lula disse que aguarda o resultado da CPI da Covid, mas ressaltou que já há motivos suficientes para um impeachment. “Em qualquer país onde a democracia funciona normalmente, Bolsonaro, que é objeto de uma centena de pedidos de impeachment, não deveria mais ser presidente da República. Infelizmente, o presidente da Câmara dos Deputados (Arthur Lira) não colocou nenhum em votação”, analisou.

Lula lembrou que Bolsonaro atuou a todo momento para espalhar o vírus, não contê-lo. “Ele alegou que não era nada, apenas uma gripezinha, (…) recomendou o uso da cloroquina, incentivou seus apoiadores a não usar máscaras (…). Ele é, na minha opinião, diretamente responsável por pelo menos metade das mortes, que poderiam ser evitadas”, afirmou.

Democracia

Ao agir dessa forma, Bolsonaro acabou por criar também atritos diplomáticos com parceiros importantes, como a China, e isolou o Brasil no cenário mundial. “O Brasil não deve procurar entrar em conflito com nenhum país. Posso ter divergências com o presidente dos Estados Unidos (Joe Biden), mas não devo perder de vista que devo manter relações diplomáticas com ele para garantir a democracia, a política de desenvolvimento, as relações comerciais, a ciência e a tecnologia”, analisou.

Sobre a democracia, Lula avaliou que, apesar de Bolsonaro não valorizá-la, o Brasil deve continuar optando por ela. “Os fascistas são apenas uma minoria. Bolsonaro não é democrata, mas a maioria do povo brasileiro é. É por isso que penso que, independentemente da sua vontade, haverá eleições em 2022 e ele as perderá.” Lula foi então perguntado se é possível que volte a ser presidente do Brasil. “Sim, é possível. Basta apresentar a questão ao povo brasileiro.”

Da Redação

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