Campello: “Acabaram com o Bolsa Família e colocaram algo que não funciona”
Ex-ministra do Combate à Fome, Tereza Campello explica por que o Auxílio Brasil não consegue resolver o problema da fome no Brasil
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Sem um amplo conjunto de políticas sociais para dar suporte às famílias mais pobres, programas de transferência de renda não conseguem acabar com a fome e a miséria. E é por isso que o Auxílio Brasil, criado por Jair Bolsonaro, não funciona e já se mostra ineficiente.
É o que explicou, em entrevista ao Jornal PT Brasil, nesta quinta-feira (28), a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello. “Acabaram com o Bolsa Família e colocaram no lugar um programa que não funciona”, alertou (assista à entrevista no vídeo abaixo).
Segundo Tereza, com o Auxílio Brasil, o governo Bolsonaro demonstrou que não sabe construir agenda social nem está preocupado em aprender. “Fizeram às vésperas das eleições e não dão nenhuma estabilidade ou segurança para a população. Poderíamos chamar o Auxílio Brasil de Auxílio Segundo Turno”, criticou.
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Além da falta de garantia de que o programa vai continuar, outra diferença entre a política bolsonarista e a implementada por Lula e Dilma é que, na atual estratégia, a única preocupação é distribuir dinheiro, como forma de comprar o eleitor.
“Não dá para ser só o dinheiro. Assim como não era só Bolsa Família, não pode ser só Auxílio Brasil”, ressaltou a ex-ministra, lembrando que o programa criado por Lula foi acompanhado de uma série de ações que acabaram desmontadas, deixando a população mais pobre abandonada e trazendo de volta a fome.
A volta da fome
“Primeiro, foi o congelamento do salário mínimo, que cresceu, nos governos Lula e Dilma, muito acima da inflação”, observou. Com isso, o mesmo salário mínimo comprava mais comida. “Mas, agora, você tem o salário congelado e os preços disparando.”
O segundo ataque foi às leis trabalhistas. “Acabaram com a CLT e há menos emprego. E as pessoas que conseguiram ocupação têm um salário mais baixo e sem proteção, sem direito a férias, a descanso, a FGTS, a aposentadoria. Desestruturaram o mercado de trabalho, ou seja, o oposto do que aconteceu no nosso governo”, continuou.
Em terceiro lugar, destacou Tereza, houve o desmonte das políticas sociais. “Essa família, desprotegida, deixa de ter acesso a toda uma rede que vinha em expansão, como a rede de educação infantil e o ensino estendido, em dois turnos, que garante cinco refeições no dia.”
Por fim, Jair Bolsonaro desorganizou a alimentação saudável no Brasil ao retirar o apoio da agricultura familiar. “Nessa questão, você tem uma dupla consequência: aumenta a população pobre no campo e reduz a produção de alimentos saudáveis, o que eleva o preço dos alimentos”, explicou Tereza.
Da Redação