Casa de Cultura começa a mudar a vida de bairro da periferia de SP
Na extrema zona leste da capital, a Casa de Cultura Parque São Rafael leva teatro, música, leitura e auto-estima aos moradores
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A nova Casa de Cultura Parque São Rafael já começa a fazer parte do cotidiano do bairro da extrema zona leste de São Paulo. O espaço foi inaugurado pelo prefeito Fernando Haddad em maio deste ano e tem atraído a comunidade em volta com atividades culturais, ponto de leitura e esportes.
O cenário do local era desolador até sua inauguração. Ali funcionava um Clube da Comunidade (CDC) e, depois, se tornou um terreno abandonado. A estrutura da casa não tinha mais canos, janelas e portas. Com isso, o local se transformou em um motel improvisado e ponto no consumo de drogas. No entorno havia também uma ocupação com mais de 430 famílias. Em um esforço da subprefeitura de São Mateus, as famílias foram destinadas a moradias dignas, com auxílio do seguro-aluguel.
“Por aqui não havia nenhum equipamento cultural digno de usar o nome ‘casa de cultura’”, explica José Adriano, coordenador interino e supervisor de cultura da subprefeitura de São Mateus. Hoje, conta ele, a casa conta com grupos de teatro, biblioteca, quadra poliesportiva renovada, com iluminação noturna e com sistema de drenagem. O local vai abrigar diversas apresentações artísticas.
Durante a visita da reportagem da Agência PT de Notícias ao centro cultural, o grupo teatral Rosas Periféricas ensaiava para uma de suas peças. Os atores são formados por moradores da região. Para o ator Paulo Reis, a Casa supriu uma necessidade histórica do bairro.
“É um avanço importantíssimo para a gente, que é grupo do bairro e vem de uma luta para se consolidar esta casa de cultura. Faltava uma casa para abarcar as crianças e para que os grupos pudessem ocupar. A comunidade está muito feliz”.
No mesmo dia, dois integrantes do Cinemateus, um coletivo de produção audiovisual de São Mateus, visitaram o local para conhecer o espaço e fazer algumas filmagens.
Para Geisson Silva, integrante do coletivo, a existência da Casa pode ser responsável por desenvolver várias manifestações artísticas. “A região de São Mateus carece de equipamentos públicos para a comunidade. É muito importante haver um espaço para que os projetos culturais, sejam eles de teatro, cinema, dança, possam ter um lugar para desenvolver seus trabalhos”. Ele pretende exibir algumas produções do coletivo no local.
De acordo com José Adriano, a arte tem o poder de influenciar e transformar a autoestima da comunidade, principalmente das crianças. “A Casa de Cultura traz abertura para a cultura, a socialização, a sensação de pertencimento que é imensurável. Uma criança ser vizinha de uma Casa de Cultura é algo que pode influenciar a sua vida para sempre. Esse fato vai ajudá-la independente de qual profissão ela seguir. Ela vai ter uma percepção do que ela pode alcançar e que pode ser muito mais aberta e livre. A arte é um elemento transformador”.
Assista:
Haddad e a cultura
A cara artística e cultural da capital de São Paulo ganhou em quantidade e qualidade desde o início da gestão do prefeito Fernando Haddad, em janeiro de 2013. Um dos destaques é a expansão dos blocos do carnaval paulistano.
A impressão geral é que o paulistano acordou para a folia de uns anos para cá. Não é bem assim. Até a gestão municipal anterior, a prefeitura autorizava apenas um pequeno número de blocos a saírem para as ruas. Os demais eram reprimidos.
Logo nos primeiros dias da atual gestão, o então secretário da Cultura Juca Ferreira convocou os blocos e liberou a rua para todos. No último Carnaval, a prefeitura forneceu banheiros químicos, gradis (gradeamento baixo), segurança e ambulâncias, entre outros. A organização começou seis meses antes e envolveu 14 secretarias municipais.
Como resultado, mais de um milhão de pessoas foram aos blocos carnavalescos da capital. O carnaval de rua se transformou no evento turístico mais lucrativo da cidade e passou a gerar mais receita do que a Fórmula 1, que até então ocupava esse posto.
Outra ação de destaque é a Virada Cultural. A edição de 2016, com atrações espalhadas por toda a cidade, e não mais concentrada no Centro, como era usual, fez com que o evento se tornasse um sucesso.
De acordo com dados de uma pesquisa realizada pelo Observatório de Turismo e Eventos da São Paulo Turismo (SPTuris), a Virada Cultural deste ano foi melhor que a edição de 2015 na opinião do público que acompanhou as 700 atividades da programação. Entre as atrações de 2016 estavam Criolo, Emicida, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Ney Matogrosso e Erasmo Carlos
Na área audiovisual, o Circuito SPCine está levando cinema a 15 Centros Educacionais Unificados (CEUs) e cinemas da capital de graça e se tornou o maior circuito público de salas de cinema do Brasil. As sessões nos CEUs são às quintas, domingos e quartas, seguindo a lógica do mercado de exibição que renova as estreias sempre no quinto dia da semana, e respeitando a programação cultural já consolidada nesses locais.
Além de ampliar a oferta de espaços para exibição de filmes, o Circuito Spcine vai beneficiar regiões não atendidas ou pouco atendidas por salas oficiais de cinema.
Com a instalação completa das salas, a programação contará com 200 sessões semanais e expectativa de 960 mil espectadores por ano. A programação vai garantir a diversidade de títulos, incluindo obras artísticas, nacionais e blockbusters, além de construir um plano de formação de público.
Por Bruno Hoffmann, da Agência PT de Notícias