Com Bolsonaro, ministério do Meio Ambiente é militarizado

Brigadeiro assume a Secretaria de Biodiversidade e, com ele, são pelo menos 13 militares no Ministério; oficiais tem entrado em conflito com ala ideológica

Marcos Corrêa/PR

Alvo de críticas de Jair Bolsonaro (PSL), o Ministério do Meio Ambiente agora passa por um processo de militarização. Com a posse do novo secretário de Biodiversidade, o brigadeiro Eduardo Serra Negra Camerini, serão pelo menos 13 oficiais ocupando cargos importantes da pasta. A ordem do Executivo, seguida pelo ministro Ricardo Salles é entregar postos no alto escalão a representantes das Forças Armadas e da Polícia Militar para “acabar com o arcabouço ideológico”, segundo reportagem do Estado de São Paulo.

A Secretaria de Biodiversidade é uma das maiores do Ministério, mas estava sem comando desde o início do governo. O nome do brigadeiro da Aeronáutica para o cargo foi anunciado pelo ministro Ricardo Salles em sua conta no Twitter nesta segunda-feira (22).

Apesar de ter um ministro civil, o comando do ministério, na prática, está sendo entregue para a tutela de militares. O quadro se repete nas outras áreas do governo e, em março, os oficiais já ocupavam 130 cargos de confiança, de acordo com levantamento do Estadão.

Já os ministros militares ou ligados às Forças Armadas são oito no total de 22 ministérios.

São eles: Infraestrutura (capitão Tarcísio Gomes); Minas e Energia (almirante Bento Costa); Defesa (general Fernando Azevedo e Silva); Ciência e Tecnologia (tenente-coronel Marcos Pontes); Transparência e Controladoria-Geral da União (ex-capitão Wagner Campos Rosário); Gabinete de Segurança Institucional (General Augusto Heleno); Secretaria-Geral da Presidência da República (general Floriano Peixoto); Secretaria de Governo (general Carlos Alberto Santos Cruz).

Dentro do governo, militares estão em guerra com olavistas

Maioria na composição do primeiro escalão do governo, os militares estão em guerra com a ala ideológica liderada por Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Ele, que se autointitula filósofo e mora nos Estados Unidos tem proferido uma série de ataques contra o Exército e os oficiais que compõem o Executivo, inclusive o vice-presidente, general Hamilton Mourão.

Enquanto o país vê crescer o desemprego que já atinge 13,1 milhões de brasileiros e o consequente aumento da extrema pobreza, Bolsonaro deixa de governar para tentar apaziguar os ânimos dentro da sua equipe.

A crise mais recente envolve um vídeo de Olavo de Carvalho que foi compartilhado por canais oficiais de Jair e seu filho Carlos no último sábado (20), mas excluído no dia seguinte após causar polêmicas. Na gravação, o guru afirma que dentro do governo “só intriga, só sacanagem, só egoísmo, só vaidade, é só isso que tem”.  Mourão retrucou ao ataque e a troca de farpas continuou. Nesta terça-feira (23), Olavo publicou mais um vídeo em que reafirma sua posição contra os oficiais do exército.

Olavo de Carvalho é apoiado pelos filhos de Bolsonaro o vereador do Rio de Janeiro Carlos e o deputado federal Eduardo.

No centro da confusão, Bolsonaro se limitou a apagar o vídeo e emitir um pronunciamento em que não se posiciona. Frente a sua inatividade, aliados já chegaram a afirmar em entrevista a Folha de S. Paulo que a situação chegou ao limite.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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