Com dolarização dos combustíveis, Bolsonaro perdeu para inflação

Governo não consegue domar a alta de preços, agravada pela política suicida de paridade do dólar para as tarifas de combustíveis

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Brasil tem uma das piores taxas de inflação do mundo

O Brasil não conseguirá manter a meta da inflação em 2022, mas também nem pelo próximo ano, graças à manutenção da política de preço de paridade de importação (PPI) praticada pela Petrobrás para os combustíveis e ao fim da política de estoques de alimentos. Essa é a expectativa do mercado e, caso venha a se confirmar, será o pior desempenho em 20 anos. Um eventual governo Lula vai herdar a inflação descontrolada.

A inflação em níveis altos significa que o povo brasileiro está mais pobre, com o dinheiro perdendo seu poder de compra. Todos pagam mais caro por produtos essenciais, como combustíveis e alimentos. De acordo com o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,67% em junho. No ano, a inflação acumulada é de 5,49% e, nos últimos 12 meses, de 11,89%, informou o instituto. A meta de inflação do Banco Central para 2022 é de 3,5%.

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“Bolsonaro vai deixar uma herança maldita para o próximo presidente, além da inflação alta: o país voltou ao Mapa da Fome, a desigualdade cresceu e o desemprego atinge pelo menos 13 milhões de brasileiros”, criticou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA). “Ninguém aguenta mais a continuidade dessa política econômica que está destruindo o país e aumentando a miséria”.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil tem hoje com uma das taxas de inflação mais altas do mundo, acima da média das 20 maiores economias. No grupo dos países mais ricos, o G20, sob Bolsonaro, o país está atrás apenas da Turquia, Argentina e Rússia.

No conjunto dos 38 países que fazem parte da OCDE, a inflação ao consumidor chegou a 9,6% em maio, atingindo o maior patamar desde agosto de 1988. Por conta da disparada dos preços dos combustíveis, energia e alimentos, a inflação tornou-se um fenômeno global. Entretanto, taxas de dois dígitos ainda são exceções entre as maiores economias do mundo.

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O fim da política de estoques de alimentos, anunciado como se fosse uma medida positiva pelo governo Temer e aprofundada por Bolsonaro a partir de 2019, é uma das causas da disparada dos preços dos alimentos mais básicos. Em 2019, o governo Bolsonaro anunciou a venda de 27 das 92 unidades armazenadoras mantidas pela União, prejudicando os pequenos agricultores.

No ano seguinte, o ex-diretor da FAO José Graziano alertava para os efeitos do desmantelamento da Conab, criticando a política suicida do governo para o setor. O resultado é que Bolsonaro deixou o país mais vulnerável à volta da fome e ao levante de preços de alimentos. “Esse é um alto preço que nós estamos pagando pelo desmonte da política de segurança alimentar que está em curso pelo atual governo. Não há estoques”, criticou.

A guerra na Ucrânia e a falta de planejamento do governo, que vendeu refinarias e desmontou a Petrobrás, tornou o país vítima de uma armadilha, indefeso aos efeitos das variações de humor do mercado internacional. O quadro de desgoverno é catastrófico. A inflação galopante de dois dígitos sofrerá ainda mais pressão com as altas nos preços dos combustíveis, que ainda não refletem os choques externos a partir das sanções econômicas contra a Rússia.

“A inflação é de oferta e guarda forte relação com o desastre econômico do governo na política cambial, em particular na política de preços de combustíveis, com a Petrobrás dolarizando os preços”, alerta o economista Bruno Moretti, assessor da Liderança do PT no Senado. “O governo é o principal causador dessa inflação, que vem pelo lado da oferta, enquanto a população sofre duplamente, com baixa renda em função do mercado de trabalho desaquecido e com o aumento da inflação retirando o poder de compra dela”.

Do PT Senado

 

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