128 de 140 profissões têm queda no salário de contratação

Em maio, o salário médio de contratação em empregos com carteira assinada voltou a cair, acumulando queda de 5,6% em um ano, segundo dados da Confederação Nacional do Comercio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)

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Governo Bolsonaro derruba poder de compra dos trabalhadores

No encontro que terão com Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (12) em Brasília, para entrega da Agenda Institucional do Sistema Comércio, os dirigentes da Confederação Nacional do Comercio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) levarão consigo os números das pesquisas mais recentes da instituição. Eles revelam o progressivo empobrecimento dos trabalhadores, cujos salários não acompanham a inflação de dois dígitos de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes.

Em maio, o salário médio de contratação em empregos com carteira assinada voltou a cair, acumulando queda de 5,6% em um ano. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, revelam um salário médio real de admissão de R$ 1.898 em maio, contra R$ 1.916 em abril e R$ 2.010 em maio do ano passado.

Os dados do Caged também apontam que, em apenas 12 das 140 ocupações mais relevantes do mercado de trabalho formal (ou 8%), a remuneração média de admissão subiu mais que a inflação no acumulado em 12 meses. As 140 classificações do recorte são responsáveis por 72% da ocupação do trabalho com carteira assinada no país.

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Os levantamentos compararam a média salarial dos últimos 12 meses encerrados em maio à média dos 12 meses anteriores, descontando da variação a inflação anual de 11,9%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE.

“Essa queda no salário de admissão já foi até pior. Mas isso não significa que o salário daqui a pouco vai começar a apresentar ganho. Provavelmente, não vai”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC. “Quem está entrando no mercado de trabalho, está predominantemente aceitando um salário menor do que se pagava 12 meses atrás.”

Segundo Bentes, a taxa de desemprego, de 10,6%, não favorece ganhos reais no mercado de trabalho. “São dois fatores combinados: inflação mais alta e uma demanda por emprego muito grande”, explica o economista. “Se a economia estivesse mais acelerada, seguramente as empresas iriam precisar mais de funcionários e iriam ter que pelo menos reajustar perto da inflação.”

Os dados do Caged apontam que em maio foram criados 277 mil empregos com carteira assinada no Brasil. No ano acumulado no ano, foram 1,05 milhão de vagas formais a mais. A criação dessas vagas tem sido puxada por cargos de pouca qualificação e baixa remuneração.

Entre todas as profissões do país, faxineiro é a que mais abriu novas vagas com carteira assinada nos últimos 12 meses até maio, revela um levantamento exclusivo da CNC para o portal g1. Em um ano, foram criados 163,4 mil postos de trabalho para a ocupação de faxineiro – 6,15% de todas as vagas geradas com carteira assinada geradas no país no período (2,66 milhões).

Apesar da evolução positiva de vagas de emprego, “o grande problema, que afeta um grupo de pessoas mais amplo que o do desemprego, é a corrosão do rendimento real”, pondera Bentes, lembrando os 10 meses seguidos com a inflação anual acima dos dois dígitos.

Endividamento ainda atinge mais de 77% das famílias

Com os rendimentos baixos, as famílias continuam se endividando no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestações de carro e de casa. Essas são as categorias constantes da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na última quinta-feira (7) pela CNC.

O levantamento registra recuo de 0,1 ponto percentual no número de famílias endividadas entre maio e junho. Agora, são 77,3% das famílias que relataram ter dívidas a vencer no mês. Mas em relação a junho do ano passado, a proporção de endividados ainda é 7,6 pontos percentuais mais alta.

A proporção de famílias com contas e/ou dívidas em atraso representou 28,5% do total de famílias no Brasil em junho, primeira queda do indicador (- 0,2 p.p.) desde setembro de 2021. Entre os endividados, 86,6% possuem dívidas no cartão de crédito.

Em abril, o percentual de famílias endividadas no país (77,7%) havia batido o recorde da série histórica, atingido no mês anterior (77,5%). Desde então, o endividamento recua lentamente.

Os dois recortes por faixas de renda pesquisadas (divisão entre os que ganham menos ou mais de 10 salários mínimos) apresentaram leve queda na proporção de endividados. Entre as famílias com rendimentos acima de dez salários mínimos, a redução foi de 0,2 ponto percentual (p.p), para 74,2%, enquanto a parcela com ganhos até dez salários mínimos caiu 0,1 p.p, para 78,2%.

A responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que a melhora no mercado de trabalho não se reflete no rendimento. “Além disso, o avanço recente da informalidade no emprego é mais um fator que aumenta a volatilidade da renda do trabalho e atrapalha a gestão das finanças pessoais”.

Durante o ato contra a fome e pela democracia, no último sábado (9), em Diadema (SP), Luiz Inácio Lula da Silva disse que ele e o ex-governador Geraldo Alckmin uniram forças para, se eleitos, “colocar ordem na casa”.

“Vamos pegar o país pior que 2003. A inflação e o desemprego estão maiores. As categorias sindicais estão fazendo acordos menores que a inflação. E nossa solução é colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda”, anunciou o presidente mais popular da história.

Da Redação, com informações de agências

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