Com medo, laranja confirma esquema de lavagem de dinheiro do PSL

Cleuzenir Barbosa, que foi candidata pelo partido nas últimas eleições, confirma que ministro do Turismo de Bolsonaro sabia da operação. “São uma quadrilha de bandidos”

Reprodução YouTube

Cleuzenir Barbosa e Jair Bolsonaro

Um dia após a queda do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, ser demitido por suspeita de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro público durante as eleições, mais um nome do desgoverno Bolsonaro terá de dar explicações à Justiça sobre a operação criminosa que usava candidatas laranjas durante as eleições de outubro do ano passado.

Desta vez, as acusações recaem sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, na época presidente estadual do PSL. De acordo com a professora aposentada Cleuzenir Barbosa, uma das candidatas a deputada estadual pelo partido em Minas Gerais, Álvaro Antônio sabia do esquema e que foi pressionada por assessores a cometer o crime.  “Era o seguinte: nós mulheres iríamos lavar o dinheiro para eles. Esse era o esquema. O dinheiro viria para mim e retornaria para eles”, afirmou em entrevista à Folha – ela diz ter feito a acusação à polícia e ao Ministério Público.

Cleuzenir foi uma das laranjas que tiveram suas candidaturas com pouquíssima votação  e que sequer realizaram o dinheiro destinado para que realizassem campanha. Em MG, a verba foi liberada pelo então presidente nacional da sigla, Gustavo Bebianno. Parte do dinheiro público foi destinado a quatro candidatas do PSL no estado para preencher a cota feminina de 30% das candidaturas e de verba eleitoral e depois repassado a empresas de assessores, parentes ou sócios de ex-assessores do atual ministro do Turismo.

A candidata diz ter procurado Marcelo Álvaro para pedir explicações sobre o dinheiro, mas não obteve resposta “Eu mandei mensagem no privado [redes sociais] do deputado algumas vezes. Pelo amor de Deus, deputado, preciso falar com o senhor. Eu queria falar com ele, mas hoje eu entendo que ele sabia de tudo”, relata.

Cleuzenir garante que o ministro sabia e não fez nada porque passou o problema diversas vezes a seus assessores diretos. “Será possível que esses senhores iam pensar que isso poderia ficar impune? Ou não era uma ordem do chefe para fazer esse tipo de situação?”.

Medo de represália

Após as denúncias virem à tona, Cleuzenir diz ter ficado com medo de ser perseguida pelos envolvidos no crime de lavagem de dinheiro e pediu asilo político a Portugal, onde está atualmente. Me mudei exclusivamente por causa dessa situação. Peço para as mulheres que denunciem. Não fiquem caladas, se exponham, sim. Eu vou entrar com pedido de proteção à vítima. Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma quadrilha de bandidos.

Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Folha de S. Paulo

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