Combustíveis: dolarização e lucro aos acionistas, as prioridades de Bolsonaro

Bolsonaro nunca moveu uma palha para mudar a política entreguista de paridade internacional do preço dos combustíveis. Agora, sob risco de o barril de petróleo bater US$ 200, país paga o preço da dependência externa

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Despreparado para governar o Brasil, especialmente em meio a uma crise da dimensão do conflito entre Rússia e Ucrânia, Jair Bolsonaro dá sinais de desespero diante do cenário de catástrofe econômica que se avizinha com a disparada do preço internacional do petróleo. Após a última alta no preço do barril – US$ 139, a maior desde 2008 -, Bolsonaro, de olho em uma cada vez mais improvável reeleição, passou a defender o fim da política de paridade internacional dos preços dos combustíveis, uma bandeira de Lula e do PT.

A dolarização dos combustíveis mantida pelo governo Bolsonaro desde sempre é justamente o motivo pelo qual o país se encontra hoje à beira de um abismo sócio-econômico. Analistas alertam para o risco de uma explosão nos preços do barril, que pode passar de U$ 200 no mercado externo. O preço do barril já sofreu valorização de 60% somente em 2022. As consequências para o Brasil, cujo povo enfrenta diariamente os infortúnios de uma inflação galopante, serão fulminantes.

“Neste momento, o que temos é um abalo sem precedentes no mercado mundial de Petróleo”, resume o senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator de dois projetos para combater o aumento nos preços dos combustíveis. “Os projetos que nós relatamos, que alteram a forma de cobrança do ICMS e criam estabilização de preço, podem ajudar o governo a enfrentar essa situação de crise, dando maior tranquilidade ao consumidor, e com efeitos positivos no controle da inflação”, explica Prates, um ferrenho crítico da dolarização dos preços praticada por Bolsonaro. “Não precisamos estar tão submetidos a essa volatilidade, somos autossuficientes”.

Nunca é demais lembrar que o cavalo de pau eleitoreiro de Bolsonaro chega com mais de três anos de atraso, já que ele nunca moveu uma palha para mudar a política entreguista que colocou o Brasil de joelhos, dependente da importação de gasolina, diesel e outros derivados. É verdade que o assalto ao bolso do trabalhador, que hoje já paga R$ 8 por um litro de gasolina em certos estados, começou após o golpe de 2016, no governo Temer.

Aos acionistas, lucro recorde. Ao povo, a conta

À época, o então presidente da Petrobras, Pedro Parente, chegou a prever que o preço da gasolina iria cair a partir da adoção da política de paridade internacional (PPI). O que se viu foi justamente o contrário, uma vez que a empresa abandonou a política implementada pelos governos do PT para garantir que flutuações externas não tivessem impacto no abastecimento e nos preços dos combustíveis, protegendo o povo brasileiro.

Mas foi Bolsonaro quem fez questão de manter a política sem sentido do governo anterior – afinal, o Brasil estava em condição de autossuficiência na produção de petróleo cru e alta capacidade de refino quando o usurpador assumiu a Presidência. E, mais do que preservar o entreguismo de Temer, Bolsonaro promoveu uma verdadeira farra de lucros aos acionistas estrangeiros, cujos dividendos bateram recordes em bilhões de reais graças ao sacrifício do povo.

A privatização de refinarias, da BR Distribuidora e de gasodutos terminou de dilapidar a capacidade produtiva da empresa. Segundo o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, o entreguismo de Temer e Bolsonaro “impõe a importação de derivados que só beneficia 390 empresas importadoras e acionistas minoritários, favorecidos pela dolarização dos preços que asseguram lucros e dividendos”.

Silva e Luna terá de explicar farra dos acionistas no Senado

“A empresa lucrou R$ 106 bi em 2021, enquanto a população cozinha a lenha e paga gasolina cara”, lembrou Prates, nesta terça-feira (8), pelo Twitter, ao anunciar que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou a ida do presidente da Petrobras, Silva e Luna, para explicar a distribuição de R$ 101 bilhões de dividendos aos acionistas.

“É muito importante a vinda do presidente da Petrobras para nos explicar como funciona a lógica de distribuir mais de 90% dos dividendos, bastante significativos, aos acionistas em detrimento de reinvestimentos. A gente quer entender melhor essa lógica”, justificou o senador.

Preço do barril pode chegar a US$ 300, alertam russos

Na segunda-feira (7), uma eventual proibição, por parte dos EUA e da União Europeia, das importações do petróleo russo, havia transformado-se em um impasse geopolítico. O presidente Joe Biden, no entanto, decidiu assumir os riscos, e anunciou, nesta terça, um embargo às importações dos EUA de petróleo e gás da Rússia. 

Diante do quadro, o vice-primeiro ministro russo Alexander Novak apressou-se com a advertência de que um banimento do petróleo da Rússia pode elevar o preço do barril para US$ 300, criando uma crise mundial sem precedentes.

“É absolutamente claro que uma rejeição do petróleo russo levaria a consequências catastróficas para o mercado global”, advertiu o ministro, em comunicado pela rede de TV estatal. “O aumento nos preços seria imprevisível. Seria US$ 300 por barril, se não mais”. 

Da Redação, com Reuters e PT no Senado

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