Concentração de renda: bilionários têm mais riqueza que 60% da população mundial

Deputados do PT criticam a concentração de renda no Brasil e lembram que governo de Jair Bolsonaro tem trabalhado para a elite, e não para o povo

Agência Brasil

Os 2.153 bilionários do mundo possuem uma riqueza maior do que 4,6 bilhões de pessoas, aproximadamente 60% da população global. O dado revelado pelo novo relatório da Oxfam, lançado neste domingo (19), às vésperas do Fórum Econômico Mundial, evidencia que a concentração de renda chegou a nível recorde.

Os deputados da Bancada do PT na Câmara usaram suas redes sociais para comentarem os relatórios da Oxfam. “Os 2153 bilionários do mundo possuem uma riqueza maior do que 4,6 bilhões de pessoas. O governo de Bolsonaro tem trabalhado para a elite, e não para o povo, o que aumenta a desigualdade no País”, escreveu Odair Cunha (PT-MG) em seu Twitter.

O ex-ministro da saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), também criticou o Brasil de Bolsonaro. “Brasil de Bolsonaro, São Paulo de Doria e a cidade de SP de Bruno Covas estão umbilicalmente alinhados com a concentração de renda, nas costas dos trabalhadores”.

Para o deputado Carlos Veras (PT-PE) os dados da pesquisa são assustadores. “Dados do capitalismo: o número de bilionários (2.153) que detém mais dinheiro do que 4,6 bilhões de pessoas do mundo (60% do total) é menor do que a população de Fernando de Noronha (3.016). Assustador”.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) comentou a pesquisa em suas redes sociais e afirmou que o capitalismo está em crise. “Capitalismo em crise. Maioria da população mundial acha que capitalismo atual faz mais mal do que bem. 56% não confiam no modelo como ponte para um futuro melhor. O sistema tem dado inúmeras demonstrações de que é, sim, uma ameaça real ao planeta e à humanidade. E tem gente que acha que o capitalismo dá certo”.

Tempo de Cuidar

 

O documento Tempo de Cuidar – O trabalho de cuidado mal remunerado e não pago e a crise global da desigualdade, demonstra ainda como as economias mundiais são sexistas. Isso porque, conforme a pesquisa, enquanto os donos das grandes fortunas acumulam cada vez mais riqueza, as mulheres são responsáveis por 75% do trabalho de cuidado não remunerado realizado no mundo.

“O cuidado é alimentar, cozinhar, arrumar, cuidar da pessoa doente, da criança. Esse serviço todo é importante para a economia e não está sendo remunerado adequadamente ou, muitas vezes, não é remunerado. Na divisão do trabalho, a mulher é aquela que cuida e o homem é aquele que traz os recursos. Isso é antigo, mas muito presente na sociedade, em distintos países e cultura”, critica Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

Segundo o relatório, mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado. Se fossem remuneradas, isso significaria uma contribuição de, pelo menos, US$ 10,8 trilhões por ano para a economia global, o triplo do valor gerado pela indústria tecnológica, por exemplo.

Maia complementa que a desigualdade de gênero precariza ainda mais a condição de trabalho das mulheres fora de casa. Em todo mundo, 42% delas não conseguem um emprego porque ocupam todo o seu tempo com o trabalho de cuidado e do lar. Entre os homens, esse percentual é de apenas 6%.

Outro dado publicado no novo levantamento da Oxfam se refere às mulheres que vivem em comunidades rurais e países de baixa renda. Elas dedicam até 14 horas por dia ao trabalho de cuidado não remunerado, cinco vezes mais que os homens. A organização também registra que as meninas que realizam um grande número dessas funções apresentam taxas de frequência escolar mais baixa.

Envelhecimento

 

Para a porta-voz da Oxfam, as estatísticas mostram que a situação tende a piorar. “A população mundial está envelhecendo e vai precisar de cuidados, de saúde e de assistência. Aqui no Brasil, os recursos para essas políticas públicas estão sendo reduzidos. O IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Est atística] diz que, até 2050, teremos 77 milhões de pessoas que vão precisar de cuidado, entre idosos e crianças. Se não tivermos um arcabouço de serviço público para atender, quem vai cuidar dessa população? De novo, as mulheres e as meninas”, avalia.

Outros dados corroboram a avaliação de Maia sobre a perpetuação dessa estrutura desigual. Apenas 30% dos municípios brasileiros contam com instituições de assistência a idosos, localizados em sua maioria no sudeste do país, de acordo com informações levantadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ou seja, o cuidado continuará a ser feito informalmente pelas famílias, com o trabalho não remunerado de uma maioria esmagadora de mulheres.

 Um mundo para os 99%

 

O relatório Tempo de Cuidar também apresenta sugestões para que as desigualdades de gênero e de renda sejam enfrentadas. Entre elas, o desenvolvimento de legislações que protejam os direitos trabalhistas das trabalhadoras domésticas e cuidadoras – que representam 80% dos 67 milhões de indivíduos que trabalham na área.

A Oxfam também recomenda a adoção de medidas para reduzir drasticamente o fosso entre ricos e pobres. Para isso, indica a tributação de grandes fortunas e o combate à sonegação fiscal com urgência, assim como o investimento dos governos em sistemas públicos de prestação de cuidados.

Katia Maia é enfática ao defender que uma reforma justa, que tribute os mais ricos e não os mais pobres, ajudaria diretamente a diminuir a opressão e exploração de mulheres e meninas. Ela argumenta que, por meio dos recursos que seriam tributados, o Estado teria maior capacidade de oferecer assistência social e serviços públicos de qualidade, diminuindo a sobrecarga que recai sobre os ombros das mulheres em todo o mundo.

Por PT na Câmara

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