Correios em greve por direitos e contra privatização

Movimento luta contra a retirada de direitos pela empresa, hoje comandada também por um general que não quer dialogar com a categoria. Centrais sindicais, Partido dos Trabalhadores e parlamentares apoiam a mobilização

Alina Souza

Trabalhadores dos Correios em greve nacional

Os funcionários dos Correios deflagraram greve em todo o país na terça-feira (18) pela manutenção dos seus direitos e contra a ameaça de privatização da estatal. Os trabalhadores também protestam contra a atitude da direção dos Correios que se recusa a ampliar negociações, além de não dar nenhuma garantia de manutenção do atuais benefícios.

Segundo os representantes da categoria, a direção dos Correios trata com irresponsabilidade a proteção obrigatória de seus funcionários que estão expostos à pandemia do coronavírus. Existem casos de funcionários que não têm acesso nem mesmo a equipamentos básicos de segurança.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal (SINTECT-DF), Amanda Gomes Corsino, na terça-feira, primeiro dia da greve, o movimento já havia atingido 70% do setor operacional dos Correios, que é o que atua na área de distribuição de encomendas.

“isso é muito positivo porque a área administrativa dos Correios já estava praticamente afastada em trabalho remoto por causa da pandemia. É a primeira categoria a fazer uma greve nacional, uma categoria muito grande e importante. A greve está muito forte e tendo grande repercussão na mídia nacional”, afirmou Amanda Corsino.

De acordo com a liderança dos trabalhadores, a empresa fez uma proposta de nove cláusulas sem nenhuma garantia. Assim, diz Amanda, “a empresa poderá suprimir os benefícios na hora que ela bem entender. Porque se conseguirmos sair deste movimento com a manutenção de todos os nossos direitos será um grande incentivo para todas as demais categorias de trabalhadores do país”.

Destruição de direitos

A CUT e as centrais sindicais emitiram nota de apoio ao movimento grevista dos trabalhadores nos Correios, onde denunciaram a destruição dos direitos e benefícios conquistados ao longo de três décadas.

“A empresa destruiu benefícios conquistados ao longo de 30 anos de luta, como anuênio, vale alimentação, licença-maternidade de 180 dias, creche, auxílio morte e o pagamento de 30% de adicional de risco. Reduziu de 70% para 50% a participação da empresa no financiamento do Plano de Saúde e ainda retirou dependentes como pais e mães. Mais de 15 mil abandonaram o convênio depois que ficou mais caro e restrito”, afirma um trecho do documento.

Em vídeo gravado na terça-feira, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, colocou a estrutura da Central à disposição para ajudar na luta e convocou todos os sindicatos, federações e confederações cutistas, em especial as estaduais, entrarem na luta dos trabalhadores dos Correios.

“A categoria precisa ser vitoriosa e servir de exemplo.Fora, Bolsonaro e seu governo genocida retirador de direitos”, disse o presidente nacional da CUT, que ressalta o fato de o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) ter nomeado  um general, Floriano Peixoto,  para a presidência da empresa. Esse general, critica Sérgio Nobre, de “maneira irresponsável e unilateral retirou mais de 70 cláusulas do acordo coletivo da categoria em plena pandemia” do novo coronavírus, que já matou mais de 108 mil brasileiros”.

PT manifesta apoio à greve

A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também declarou apoio ao movimento. “Todo apoio à greve dos trabalhadoras(es) dos Correios contra a tentativa de retirar direitos e privatizar a estatal. Ainda mais fundamental na pandemia, é preciso garantir proteção à saúde dos empregados. Não à venda do patrimônio brasileiro”, disse ela em suas redes sociais.

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara também manifestaram apoio ao grevistas. Para os parlamentares do PT, os Correios, com a sua importância social, vão aonde os grupos privados não vão. Citaram ainda que a instituição é lucrativa e deve ser preservada.

Durante sessão remota da Câmara, o deputado Vicentinho (PT-SP) explicou que os trabalhadores não paralisaram suas atividades sem motivos. “Eles pararam, primeiro, por causa de uma manobra dos Correios que, influenciando o presidente do Supremo Tribunal Federal, fez com que um acordo, uma convenção coletiva em pleno vigor – cujo prazo terminaria em 31 de julho do ano que vem – tivesse a sua validade antecipada para o dia 31 de julho deste ano”.

Vicentinho disse que, com isso, todas as cláusulas sociais, “resultado de lutas de anos e anos na mesa de negociação da autonomia sindical foram por água abaixo”, e esses trabalhadores estão abandonados em termos de direitos nas cláusulas sociais. “Esse é o motivo principal pelo qual os companheiros dos Correios entraram em greve”, reforçou.

Já o deputado Paulão (PT-AL) reforçou que os Correios é uma empresa estratégica para o País. “Os correios chegam a cada município brasileiro, seja com correspondência, seja como correspondente bancário. Por isso a nossa solidariedade a esses trabalhadores que estão correndo o risco de perder seus direitos”.

Paulão manifestou ainda repúdio ao general Floriano Peixoto, que está à frente da direção dos Correios. “Ele deveria defender a empresa, a nossa soberania, e não fortalecer a estratégia entreguista e privatista dos Correios. Isso é crime de lesa-pátria”, denunciou.

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