CPMI do Golpe: assessor de Bolsonaro recorre à Justiça para não depor

O tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens e atual assessor de Jair Bolsonaro, obteve liminar para não comparecer à CPMI do Golpe. Relatora da CPMI critica decisão da Justiça

Marcelo Camargo/ABR

O tenente Osmar Crivelatti: pelo jeito, mais um bolsonarista fujão

A CPMI do Golpe agendou para esta terça-feira (19) o depoimento do tenente do Exército Osmar Crivelatti, ex-integrante da Ajudância de Ordens da Presidência e, atualmente, um dos assessores de Jair Bolsonaro. 

No entanto, o depoimento pode não ocorrer, uma vez que o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar que autoriza o militar a não comparecer à audiência.

Relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) lamentou a decisão do ministro, classificando-a de “indevida interferência de Poder sobre outro”. Na semana passada, o ministro Nunes Marques tomou decisão semelhante que beneficiou a ex-secretária de Inteligência do DF Marília Alencar.

Ao convocar Crivelatti, deputados e senadores pretendiam aprofundar as investigações sobre os vários crimes cometidos por Bolsonaro com o apoio de sua Ajudância de Ordens, como a venda ilegal de joias, a fraude das vacinas, a campanha para desacreditar o sistema eleitoral e a produção de documentos que justificassem um golpe de Estado, entre outros.

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), um dos autores do requerimento para a oitiva do militar, “a Ajudância de Ordens, comandada pelo tenente-coronel Mauro Cid, teve papel central na tentativa de deslegitimação dos resultados das eleições”.

Segundo Carvalho, ouvir o assessor de Bolsonaro seria uma “oportunidade para ter mais informações sobre as operações ilícitas de venda de joias e de venda de patrimônio público que Bolsonaro cometeu através dos seus assessores”.

Homem de confiança de Villas-Bôas e Bolsonaro

Na Ajudância de Ordens, Crivelatti era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid, que comandou o órgão da Presidência durante os quatro anos de governo Bolsonaro e, recentemente, fechou com a Polícia Federal um acordo de delação premiada, comprometendo-se a revelar todas as tramoias que ajudou o ex-presidente a praticar.

Após Bolsonaro perder as eleições, Crivelatti foi o responsável por preparar a chegada de seu chefe aos Estados Unidos. Com o fim do mandato do ex-capitão, Crivelatti se tornou um dos assessores a que Bolsonaro tem direito como ex-presidente. 

Em agosto passado, foi um dos alvos da operação da PF que investiga o escândalo das joias. Não foi preso, mas policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em sua casa.

Segundo o site G1, Crivelatti se tornou um dos ajudantes de ordens de Bolsonaro por indicação do ex-comandante do Exército Villas-Bôas Corrêa, responsável pelo famigerado tuíte que buscava intimidar o STF na véspera de um julgamento que poderia tirar Lula da prisão injusta. Ao tomar posse, Bolsonaro disse, publicamente, que considerava o general o grande responsável por sua eleição. 

Em 2015, o general Villas-Bôas criou um cargo novo no Exército: o de adjunto de comando, uma espécie de assessor direto do comandante, a ser exercido, vejam a ironia, por oficial “que possui destacada liderança, reconhecida competência e perfeita conduta pessoal”. Crivelatti foi o primeiro praça a ocupar o cargo, tornando-se assessor do general.

Da Redação, com informações do PT no Senado

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